Introdução: Adolescentes com deficiência encontram barreiras específicas ao acesso odontológico, resultando em pior saúde bucal e repercussões negativas na saúde sistêmica. Dada essa realidade, torna-se essencial investigar a situação de saúde bucal desse grupo para compreender seus desafios e orientar políticas públicas. Objetivo: Analisar a associação entre a percepção de saúde, acesso aos serviços odontológicos, impacto nas atividades diárias com indicadores de saúde bucal de adolescentes com deficiência. Métodos: Estudo observacional, transversal e analítico realizado em 78 adolescentes entre 15 e 19 anos com deficiência, matriculados em três escolas de ensino técnico da rede federal nos municípios de Campo Maior e Teresina - PI. Os dados foram coletados por meio de entrevista e exame clínico bucal baseados nos instrumentos Oral Health Surveys, Basic Methods e do levantamento epidemiológico SB Brasil 2020. Foram analisados os indicadores de cárie dentária (Dentes Permanentes, Cariados, Perdidos ou Obturados – CPOD) e doença periodontal (sangramento gengival, cálculo dental e bolsas periodontais de 4-6 mm e bolsa periodontal >6mm). A análise estatística incluiu os testes Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher, seguidos de regressão logística múltipla (método Forward Stepwise – Wald), com nível de significância de 95% (p<0,05). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, parecer nº 7.330.423. Resultados: Observou-se associação entre indicadores de saúde bucal nas atividades diárias e acesso aos serviços de saúde bucal. Dentes cariados, teve impacto: deixar de sair, se divertir, ir a festas ou passeios (0,035), deixar de dormir ou dormir mal (0,008). CPOD zero, teve associação com acesso aos serviços de saúde bucal em relação a “Qual tipo de serviço procurou?”: serviço público (0,008), serviço particular/plano de saúde (0,018). Sangramento gengival, teve impacto em: ficar irritado ou nervoso (0,001). Cálculo dental, teve impacto em: ficar irritado ou nervoso (0,002), deixar de dormir ou dormir mal (0,020). Bolsa periodontal de 4 a -6 mm, teve impacto: ficar irritado ou nervoso (0,030). Conclusão: Conclui-se que os problemas bucais interferem na qualidade de vida dos adolescentes com deficiência, e que melhores condições de saúde bucal estão associadas ao acesso mais efetivo aos serviços odontológicos. Recomenda-se que futuras pesquisas utilizem instrumentos sensíveis às especificidades de cada tipo de deficiência, contribuindo para o aprimoramento das ações inclusivas de saúde bucal e construção de políticas públicas específicas para estes indivíduos.