O presente estudo teve como objetivo cartografar, pelas lentes do feminismo decolonial e da noção de território, os processos de subjetivação de um grupo de mulheres assistidas pela assistência social na cidade de Parnaíba. Com isso, formulamos os seguintes questionamentos: Qual a relação entre as políticas sociais, as tecnologias de gênero e a função de cuidado atribuída às mulheres? E quais suas implicações nos processos de subjetivação e no acesso aos direitos sociais das mulheres? Como estratégia de produção de dados, realizamos cinco oficinas grupais em um CRAS de um bairro periférico, marcado por vulnerabilidades estruturais, sociais e culturais. Desta maneira, registramos nossa experiência em diários de campo. Os resultados foram descritos em formato de encontros, dos quais, posteriormente, extraímos cenas para análise. Esta foi organizada em três tópicos nas categorias: (1) Economia de subsistência? Articulações entre política socioeconômica e lugar social; (2) Problematizações entre território e lugar social da mulher e (3) Maternidade: Abordagem feminista para o problema do cuidado. Nesses tópicos, buscamos analisar as articulações entre política socioeconômica, gênero e território. Concluímos, a partir da experiência grupal, que os lugares sociais reservados às mulheres são engendrados em territórios existenciais naturalizados no cuidado exercido no âmbito da maternidade, dos relacionamentos, da família e da comunidade. Argumentamos também que o lugar social de cuidadora, agenciado e mantido por mecanismos biopolíticos e neoliberais, tem sido instrumentalizado no cotidiano das políticas sociais, as quais podem gerar, paradoxalmente, agenciamentos rígidos e linhas de fuga, interferindo no acesso aos direitos sociais, modos de vida e iniquidades de variadas ordens