Resumo: Diante do cenário de pandemia causado pelo novo coronavírus, é fundamental produzir conhecimento para compreender a doença e seus impactos no cotidiano das pessoas. Em resposta a essa demanda, o presente estudo teve como objetivo analisar os sentimentos despertados durante a pandemia de covid-19 em idosos que são acompanhados pela Estratégia Saúde da Família. Estudo observacional, de abordagem qualitativa e caráter descritivo desenvolvido com idosos residentes na zona rural município de Canto do Buriti-PI. A amostra foi por conveniência, composta por 18 idosos e delimitada através do método de saturação de dados. A coleta de dados aconteceu através de duas etapas, por meio de questionário semiestruturado com resultados descritos em tabela e questionário estruturado com conteúdo audiogravado, transcritos e com formação corpus textuais para análise no software IRaMuTeQ. Foram realizadas duas análises textuais utilizando-se: classificação hierárquica descendente (DHC) e nuvem de palavras. A partir dos dados coletados encontrou-se que os participantes tinham idade média de 68 anos, maioria eram do sexo feminino, possuíam ensino fundamental incompleto, renda de até dois salários mínimos, maior parte casados, raça branca e residiam com até três pessoas. Por meio da análise do texto foi gerado o dendrograma com sete classes categorizadas pelos pesquisadores: (1) “preocupação em perder familiares” fator exacerbado quando moravam distantes por impossibilidade de descolamento e financeiras ; (2) “preocupação em seguir as medidas restritivas” revelando redução de contatos sociais e tensão ao deslocar-se a cidade para aquisição de suprimentos essenciais ; (3) “sentimentos despertados durante a pandemia” houve relatos de medo, vazio, tensão, inquietação e também sentimentos positivos como empatia; (4) “emoções e percepções de risco” evocaram emoções intensas e reações comportamentais como nervoso, preocupação, estresse, nostalgia, choro e estranhamento; (5) “mudanças comportamentais impostas com a nova rotina” trouxeram em seus discursos a necessidade de mudança na rotina para se adaptarem às estratégias de prevenção da COVID-19; (6) “medo de se infectar” houve relatos de medo de se infectar e ir a óbito, preocupação consigo e entes queridos ; (7) “incertezas geradas com a pandemia” relataram dúvidas quanto ao curso da doença e terapêutica . Quanto a nuvem de palavras o sentimento mais representativo foi o medo. Conclui-se que aprofundar o conhecimento sobre as alterações na saúde mental de idosos é fundamental para desvelar os impactos ocasionados, suas relações e os fatores intrínsecos de proteção para a construção de diretrizes e estratégias essenciais para a prevenção do adoecimento psíquico. |