Com auxílio da Inteligência Artificial, a publicidade alcançou maior poder de captura do consumidor, já que este, agora, tem seus gostos e preferências registrados, interpretados e devidamente organizados, possibilitando o delineamento de um perfil de consumo e o consequente direcionamento de anúncios publicitários personalizados de acordo com as peculiaridades do público-alvo. O uso de IA em publicidade é especialmente verificado nas redes sociais, já que estas possuem um ambiente digital arquitetado com a finalidade de permitir a extração contínua de dados dos usuários e o encaminhamento de anúncios, catalisando assim a venda de mercadorias. Tal fato não passou incólume aos fornecedores, os quais, atentos às possibilidades advindas destas mídias, inseriram-nas como um elemento indispensável de suas campanhas publicitárias. A publicidade baseada em interesses é persuasiva, induzindo o consumidor à aquisição de bens de consumo, podendo, portanto, reverberar sobre sua situação financeira e contribuir para um quadro de superendividamento. Assim, o presente trabalho visa, em linhas gerais, investigar a tutela jurídica do usuário-consumidor diante das possíveis repercussões em suas finanças causadas pelo emprego de IA no ambiente das redes sociais. Para tanto, busca explicitar os aspectos mais relevantes envolvendo a tecnologia da inteligência artificial; compreender a dinâmica da publicidade direcionada utilizada como instrumento pelas empresas exploradoras das redes sociais; investigar a existência de impactos da publicidade algoritmizada sobre o quadro de superendividamento do usuário-consumidor; analisando, finalmente, o arcabouço jurídico protetivo diante da problemática narrada. Trata-se de um trabalho de viés lógico-dedutivo, de abordagem qualitativa, desenvolvido por meio de técnica bibliográfica e de análise documental.