Os mercados são ambientes públicos designados para a comercialização de inúmeros
produtos, entre eles as plantas, que devido às características associadas ao uso, como eficácia
e baixo custo, resultam no extenso consumo de produtos à base de plantas. Objetivou-se
analisar o conhecimento botânico tradicional de permissionários associados às espécies
medicinais e ritualísticas em Mercados Públicos Municipais de Parnaíba, Piauí. Os dados
foram coletados após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) da Universidade
Federal do Piauí (UFPI) sob o N° 2.975.850 e com o parecer do cadastro no Sistema Nacional
de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), sob
o N° ABB2F8B, e do Instituto Chico Mendes (ICMbio) N° 70722-9. Foram selecionados os
mercados públicos Quarenta, Nossa Senhora de Fátima, Caramuru e Guarita. Nestes locais,
entrevistaram-se todos os permissionários (n = 34) por meio de formulários semiestruturados.
Para coleta das espécies vegetais, realizaram-se turnês-guiadas. As plantas foram coletadas,
herborizadas e incorporadas ao Herbário Graziela Barroso (TEPB) da UFPI. Identificaram-se
89 espécies vegetais, pertencentes a 54 famílias, com maior representatividade para Fabaceae
(22,91%), seguidas de Malvaceae/Rubiaceae com 6,25%, respectivamente. Os sistemas
corporais que apresentaram maior alocação por plantas mencionadas foram: Sinais e sintomas
gerais com (168 citações) e Doenças do aparelho respiratório (89). Verificou-se que tanto
plantas nativas (54,24%), quanto exóticas (45,76%) são comercializadas. As formas de
preparo mais citadas pelos permissionários foram: infusão (42,92%), garrafada (16,96%),
decocção (16,96%), decocção/garrafada (12,99%) e in natura (10,17%). Os hábitos das
plantas evidenciaram que as árvores foram as mais representativas (44,55%), seguidas de
ervas (30,65%), arbustos (15,44%) e subarbustos/trepadeiras (4,68%, cada). As espécies
vegetais encontradas com mais frequência foram: aroeira (Myracrodruon urundeuva
Allemão.); jucá (Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz.) e jatobá (Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne.). Os resultados revelaram 66 espécies medicinais e 23
ritualísticas, destas, 47 são nativas. As plantas usadas para tratar doenças respiratórias
obtiveram destaque com 89 citações. Assim, nos Mercados Públicos de Parnaíba, Piauí, as
espécies listadas contribuem na manutenção da cultura no uso de plantas para tratar
enfermidades e na renda dos permissionários.