A pitiose é uma infecção fúngica causada pelo microrganismo Pythium insidiosum. Esse patógeno acomete plantas, animais e causam grandes prejuízos econômicos. Deste modo, o conhecimento etnoveterinário dos criadores de animais domesticados sobre a pitiose é relevante para auxiliar na promoção da saúde animal, além da implementação de políticas públicas que minimizem os impactos econômicos causados pela doença. Esse trabalho teve como objetivos: (1) realizar revisão sistemática da literatura acerca dos casos de pitiose notificados e publicados nos últimos 20 anos e (2) registrar o conhecimento etnoveterinária dos criadores de animais domesticados em comunidades rurais. Para o primeiro objetivo foram compilados 60 trabalhos sobre casos notificados de pitiose no Brasil nas plataformas Google Acadêmico e Portal do Periódicos da CAPES de 2000 a 2019. Esses estudos difundiram-se nas cinco regiões do Brasil, com a menor representatividade para o Norte, e em 17 unidades federativas, com o rio Grande do Sul em destaque. Um total de 430 notificações foram encontradas, com os Equinos (n=189; 43,95%) e bovinos (n = 116; 26,98%) sendo os mais acometidos pela pitiose. Ao menos quatro tipos de testes foram utilizados para diagnosticar a doença, com o histopatológico e imunoistoquímico mais frequentes. Dentre os tratamentos utilizados, a Pitium Vac em associação com outros medicamentos e procedimentos foi a mais eficaz. Contudo, do total de animas notificados 151 morreram, dos quais 101 (66,89%) eram ovinos e 41 (27,15%) equinos. Para alcançar o segundo objetivo foram realizadas 31 entrevistas semiestruturadas com os criadores de animais domésticos do município de São Félix do Piauí. Os animais comumente criados são cabras, ovelhas, cavalos e bois, entretanto houve relatos da criação de porcos, gatos e asno. As doenças mais citadas foram podridão dos cascos, miíase e linfadenite. Em relação a pitiose, os criadores identificaram a doença por esponja (n = 16), esponja e/ou sarna (n = 5), beiço-branco (n = 2) e sobrecama (n = 1). O grupo animal mais acometido pela doença foi os equinos (n = 53) e o período de tratamento variava de um a nove meses, dependendo do local e dimensão do ferimento. Os danos econômicos causados pela pitiose variaram de 50,00 a 7.000,00 R$. Os resultados contribuem com informações acerca de qual grupo de animal é mais afetado pela pitiose no Piauí e possibilitam a identificação dos impactos econômicos causados pela doença, podendo auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas que minimizem o impacto econômico da pitiose dentro do estado.