Araceae é uma família de monocotiledôneas que agrega potencial econômico devido muitas de suas espécies serem utilizadas no artesanato, na alimentação, medicina popular, ornamentação e paisagismo. Objetivou-se realizar estudo prospectivo científico e tecnológico, etnobotânico, levantamento florístico e produção de um guia ilustrado de espécies de Araceae cultivadas no município de Floriano, Piauí, além da análise morfoanatômica, histoquímica e fitoquímica de espécies citadas como tóxicas pelos entrevistados. Os dados prospectados foram realizados por meio de busca por artigos em bases nacionais e internacionais de artigos e patentes, utilizando os descritores “Araceae AND secondary metabolites”, “Araceae AND toxicity” e “Araceae AND Etnobotany”. Para o estudo etnobotânico foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com aplicação de questionário sobre espécies de Araceae cultivadas, utilizando as técnicas de “Rapport” e “turnê-guiada”. Foram analisados valor de uso (VU), categorias de uso, hábito e origem das espécies. As análises morfoanatômica, histoquímica e fitoquímica foram realizadas em espécies citadas como tóxicas pelos entrevistados. Para a morfoanatomia foram feitos cortes transversais da lâmina foliar e pecíolo. Quanto à histoquímica e fitoquimica foram realizados testes para a identificação das classes de metabólitos. O guia ilustrado foi elaborado com as espécies cultivadas utilizando imagens, descrição, distribuição e comentários. Os resultados mostraram para o termo “Araceae AND Secondary metabolites”, as bases com maior número de registros foram Google scholar (3.440) e Science Direct (466), seguido de Scopus (29) e Web of Science (14), para “Araceae AND Toxicity” as bases Google scholar (5100) e Science Direct (1092) apresentaram maiores registros, seguido por Scopus (507) e Web of Science (14). Já o termo “Araceae AND Etnobotany” registrou para Google scholar (4.570), Science Direct (293), seguido por Scopus (80) e Web of Science (21). Quanto às bases de patentes, EPO apresentou o maior registro para o termo “Araceae AND Secondary metabolites” (152) e para “Araceae AND Toxicity” (1.277), já na USPTO para “Araceae AND Secondary metabolites” o número de depósitos (AppFT) foi de 71 e patentes concedidas (PatFT) foi de 37. Com “Araceae AND Toxicity” o AppFT foi de 74 e PatFT foi de 114. A base INPI não apresentou registros para os termos pesquisados. Quanto ao termo “Araceae AND Etnobotany” nenhum resultado foi mostrado para as bases de patentes pesquisadas. Foram registradas vinte espécies pertencentes a treze gêneros de Araceae, conforme questionário aplicado, classificadas em duas categorias de uso, ornamental (100%) e mística (20%). Dieffenbachia seguine, Zamioculcas zamiifolia, Aglaonema commutatum e Epipremnum aureum apresentaram maior valor de uso (0,014, cada). Caladium bicolor, Colocasia esculenta, D. seguine, E. pinnatum e S. podophyllum foram apontadas como tóxicas. Dentre estas espécies, Caladium bicolor, Colocasia esculenta e S. podophyllum apresentaram drusas, ráfides e monocristais dispersos e em faixa contínua no mesofilo e na nervura principal. Os testes histoquímico e fitoquímico mostrou amido em todas as espécies, enquanto açúcares redutores mostrou-se presente apenas em E. pinnatum. O guia ilustrado trata das vinte espécies cultivadas pela população de Floriano, com informações sobre a toxicidade, partes tóxicas e princípio ativo. Conclui-se que as espécies de Araceae utilizadas como ornamentais apresentam metabólitos secundários e estruturas que lhes conferem características de plantas tóxicas e que podem provocar problemas ao serem ingeridas ou tocadas. Trabalhos como este contribuem para divulgação e serve como subsídios para outros.