A relação entre escola e sexualidade é expressão de disputas de poder, marcada por tensões referentes à posicionamentos diversos acerca do lugar que ocupa a sexualidade na prática dos sujeitos no exercício do processo educacional. No tocante aos corpos dissidentes de gênero e sexualidade, que não se inserem no campo da heteronorma, essa relação é, ainda mais, marcada por meticulosa vigilância e disciplinamento. Entendendo a escola enquanto espaço sociocultural, de re-produção de sociabilidades, busco compreender os desdobramentos subjetivos da heteronormatividade e do sistema binário de gênero, enquanto dispositivos normativos, nas sociabilidades de jovens dissidentes de gênero e sexualidade e as estratégias de subversão, produzidas por esses sujeitos, a esses dispositivos, no contexto de uma escola pública de nível médio de Teresina-PI. Verificando como se dão as experiências relacionadas à vivência da sexualidade desses jovens e possíveis transgressões ao modelo heteronormativo no espaço escolar, identificando os discursos produzidos sobre sexualidades, e apreendendo como esta atua na formação dos seus grupos de sociabilidade. A pesquisa é qualitativa, operacionalizada por meio de etnografia no espaço da escola, com o uso de observação participante e oficinas com as/os discentes. Suponho que, nos contextos das interações estabelecidas entre jovens e outros sujeitos no espaço escolar, são re-produzidos discursos nas quais a heteronormatividade e o binarismo de gênero agem como dispositivos de normatização. Sujeitos dissidentes dessas normativas, que não fazem uma correspondência entre sexo-gênero-prática sexual-desejo (BUTLER, 2016), são alocados no que Butler (2016) denomina “regime de abjeção”. Entretanto, esses sujeitos não são passivos diante a realidade e produzem mecanismos estratégicos de subversão da realidade e reconhecimento de suas existências e resistências, através principalmente dos grupos de sociabilidades nas quais interagem.