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Banca de QUALIFICAÇÃO: SINARA FONSECA FÉLIX DE ARAÚJO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SINARA FONSECA FÉLIX DE ARAÚJO
DATA: 02/09/2019
HORA: 10:00
LOCAL: Auditório Oeste - CMRV/UFPI/UFDPar
TÍTULO: Escala de pressão econômica: elaboração e validação de uma medida
PALAVRAS-CHAVES: Pressão econômica, Estresse financeiro, Crise econômica, Medida, Validade.
PÁGINAS: 106
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Atualmente convivemos com as consequências da crise que se iniciou em torno de 2007 no mercado hipotecário dos Estados Unidos, que rapidamente se propagou pelo sistema financeiro global, gerando consequências para a população e à economia internacional. O Brasil vivencia um período de crise econômica de 2015 aos dias atuais, com inflação elevada, aumento da taxa de juros e do desemprego, onde a economia está marcada por uma forte desaceleração. Diante deste problema, o cenário econômico se tornou bastante complexo para as famílias. A recessão econômica começou a fazer parte da vida das pessoas, levando-as a modificar o estilo de vida para se adaptar a essa nova situação, caso contrários as consequências seriam piores. Podemos perceber que são na renda e no orçamento pessoal que os efeitos da crise se fazem presentes. Antes dessa crise acontecer, na década de 1980 aconteceu um período difícil na economia dos Estados Unidos, época que ocorreu a “crise agrícola” provocando declínio na economia e nos padrões de vida das famílias americanas. Para investigar à fundo, pesquisadores decidiram documentar as experiências e estratégias de enfrentamento das famílias a partir de um projeto de pesquisa. Estando à frente do projeto Conger, Elder e outros colaboradores sistematizaram formas de pesquisa para avaliar tais experiências na crise agrícola e orientar o raciocínio sobre os mecanismos causais a partir de uma estrutura teórica para avaliar tais experiências. Dentre os mecanismos que envolvem as dificuldades econômicas, os pesquisadores propõem que condições econômicas difíceis provocam estresse nos membros familiares levando ao impacto no bem-estar individual, podendo gerar de forma direta ou indireta o conflito conjugal e interferir nas práticas parentais. Esse estresse é resultante de um fator denominado por pressão econômica que se estabelece e altera a dinâmica individual e familiar. Considera-se a pressão econômica como a percepção ou avaliação subjetiva que as pessoas fazem de suas condições financeiras, constituindo-se também como um indicador de respostas das famílias diante da situação financeira. O grau de pressão econômica reflete as dificuldades financeiras diárias associadas a condições econômicas estressantes vivenciadas pelos membros familiares, nesse sentido, os estresses financeiros que envolvem a baixa renda, trabalho instável, alta carga de endividamento aumentam a pressão financeira, que se refere à incapacidade de pagar as contas, suprir as necessidades básicas e evitar cortes nos gastos. Muitas pesquisas no meio internacional utilizaram os indicadores teóricos que envolvem a pressão econômica associando-a a outras variáveis. No cenário brasileiro que também convive com a crise financeira, destaca-se a falta de pesquisas que investigam a pressão econômica como também a falta de instrumentos para sua avaliação. Dada esta lacuna, salienta-se a importância da realização de pesquisas a fim de desenvolver métodos de mensurar os efeitos da pressão econômica nas famílias conforme o esquema teórico proposto por Conger e Elder. Embora os autores tenham criado uma maneira de mensurar a pressão econômica ainda não ficou clara sua metodologia e se pode ser generalizada para outros indivíduos que não pertencem à população rural considerando pertinente a construção de uma nova medida de pressão econômica no Brasil. A proposta de desenvolver uma escala de pressão econômica tem por base as seguintes dimensões teóricas: perda de renda, instabilidade no trabalho ou status de estar desempregado e endividamento, e é a partir delas que se propõem elaborar os itens para compor a medida. A presente pesquisa objetivou elaborar uma Escala de Pressão Econômica (EPE) procurando atender outros objetivos que são de igual importância no que concerne à construção de um instrumento psicológico. Além da elaboração da escala de pressão econômica, a pesquisa também se propôs a buscar evidências de validade, que foi averiguada em duas etapas. Primeiramente buscaram-se as evidências de validade com base no conteúdo dos itens já construídos e em seguida investigou-se as evidências de validade com base na estrutura interna. Para melhor compreender o desenvolvimento da pesquisa, dividiu-se sua estrutura em formato de artigo. O Artigo I diz respeito a uma revisão sistemática da literatura acerca das medidas referentes à pressão econômica ou crise financeira, apresentando inicialmente o contexto de eclosão da crise econômica no mundo e o cenário econômico brasileiro diante da crise financeira, detalhamento sobre a pressão econômica e os impactos no contexto familiar. Com intuito de estudar o tema de forma sistematizada visando identificar, selecionar, avaliar e sintetizar os achados mais relevantes. Para tanto, elegeram-se algumas bases de dados incluídas no Portal Periódico CAPES, estendendo o acesso a outras bases como: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), SocINDEX, PsycINFO, Wiley Online Library e Springer Link. Procedeu-se a pesquisa com a utilização de descritores nos idiomas (inglês e português) utilizando-se os operadores booleanos na seguinte associação: a) (scale economic pressure OR measure economic pressure) AND (scale economic crisis OR measure economic crisis); e no português, b) (medidas de pressão econômica OR escala de pressão econômica). Após o emprego dos critérios de inclusão e exclusão, os artigos foram lidos cuidadosamente e analisados na íntegra por dois juízes independentes. A busca nas bases de dados resultou em 85 artigos após empregar os critérios de inclusão e exclusão, 10 estudos foram considerados relevantes para análise. O Artigo II refere-se à elaboração da Escala de Pressão Econômica (EPE) e apresenta também as evidências de validade. Inicialmente elaborou-se 33 itens para compor a escala, a partir das dimensões teoricamente propostas por Conger e Elder que envolvem a pressão econômica: perda de renda, trabalho instável ou status de estar desempregado e endividamento. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí - UFPI (CAAE: 85883518.3.0000.5214). Na etapa seguinte, foi realizado o teste piloto, que analisou a inteligibilidade e semântica dos itens, pela aplicação em uma pequena parte da população-alvo. Os participantes foram abordados no ambiente domiciliar ou em locais sociais, como praças e local de trabalho, sendo apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, e o questionário que foi aplicado individualmente contendo a EPE e as informações sociodemográficas, levando cerca de 10 minutos para seu preenchimento. Participaram desta etapa 30 sujeitos, com idade variando entre 20 a 60 anos (M=34,9; DP= 8,9). Por fim, todos os itens permaneceram, uma vez que não houve falta de clareza ou dúvidas por parte dos participantes quanto ao instrumento e suas instruções. Em seguida empregou-se a análise de conteúdo do instrumento aqui construído, com as verificações de conteúdo. Nesta etapa foi enviada uma versão preliminar da EPE para 8 juízes, que avaliaram subjetivamente (pessoal e opinativa) os itens de acordo com os critérios, no intuito de verificar se a escala em questão mede o que ela se propõe a medir, por meio do conteúdo. Os aspectos julgados foram a pertinência, relevância do item ao construto e a clareza na redação do item, e para analisar o julgamento foi utilizado o Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC) utilizando o critério de CVC ≥ 0,80. As análises estatísticas foram conduzidas no software Microsoft Office Excel para calcular o CVC. Depois de realizados os procedimentos estatísticos através do cálculo do CVC, a versão final da EPE apresentou 25 itens. A partir das análises dos dados quantitativos, dos 33 itens formulados para a escala, dez sofreram ajustes e oito itens foram excluídos. Para verificar as evidências de validade com base na estrutura interna, empregou-se a análise fatorial exploratória, onde nesta etapa participaram 369 pessoas casadas (M=36,5; DP = 9,24) que responderam à EPE e informações sociodemográficas de forma presencial e via internet. Foi empregado o programa SPSS (versão 22), com a utilização de estatísticas descritivas a fim de caracterizar os participantes. Para a análise exploratória utilizou-se o Factor 10.9.02, empregando-se rotação Promim e o método Hull para reter os fatores, e o método de extração Minimum Rank Factor Analysis (MRFA). O método Hull apontou a retenção de três fatores com autovalor de 12,73. As medidas de fidedignidade para os fatores respectivamente foram: corte nos gastos α=0,79, endividamento α=0,83 e trabalho instável α=0,85. Considera-se que a EPE apresentou evidências psicométricas de sua adequação ao conteúdo que ela pretende avaliar, demonstrando ser uma medida útil para a avaliação das dificuldades financeiras nas famílias.


 


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 2730053 - EMERSON DIÓGENES DE MEDEIROS
Presidente - 1867530 - SANDRA ELISA DE ASSIS FREIRE
Externo à Instituição - VALDINEY VELOSO GOUVEIA - UFPB
Notícia cadastrada em: 28/08/2019 11:36
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