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Banca de QUALIFICAÇÃO: INGRYD SILVA COSTA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: INGRYD SILVA COSTA
DATA: 09/12/2021
HORA: 15:30
LOCAL: Google Meet
TÍTULO: Novos possíveis para atenção à crise psíquica grave em contextos rurais
PALAVRAS-CHAVES: rurais, serviços
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Introdução:A pesquisa em questão, tendo como base o olhar para a Reforma Psiquiátrica Brasileira, seus avanços e entraves, se deterá a refletir e problematizar sobre o cuidado à crise psíquica grave na esfera da Atenção Básica na realidade de município pequeno, localizado no meio norte brasileiro, especificamente no norte do Estado do Maranhão, especificamente em contextos rurais dessa localidade. Problematizando que o cuidado para usuárias (os) com sofrimento psíquico grave não é uma exclusividade da atenção secundária como se nutre, por vezes, a lógica de que a (o) usuária(o) é pertencente de determinado serviço. E desconsiderando os avanços da Luta Antimanicomial na construção da Reforma Psiquiátrica que criou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), como concretização de uma rede de saúde que atende as necessidades de usuárias(os) de saúde mental nos mais diversos níveis de atenção. É sob esse cenário de preocupações em que se inserem as questões de pesquisa que pretendemos investigar. Por este aspecto, nos questionamos: Como famílias da zona rural da cidade de Água Doce do Maranhão/MA têm lidado com a crise psíquica grave de seus familiares? Que formas de cuidado têm isso praticada por estas famílias diante de suas necessidades em saúde mental? Como novas produções de subjetividades podem ser pensadas juntas aos familiares e usuários de saúde mental nos contextos rurais? Fundamentação Teórica: Para melhor desenvolver tais questões, reunimos os seguintes planos de sustentação teórica do presente estudo. No primeiro capítulo, em construção, fazemos o resgate sobre os avanços implicados na Reforma Psiquiátrica, bem como apontamos a dificuldade de cobertura em relação aos serviços nas áreas de zona rural, ressaltando que a política prever a implantação de CAPS, partir de 15 mil habitantes, dado que reforça o fato que de as cidades de pequeno porte não contem com tais serviços de caráter mais especializado (Brasil, 2011). Para os autores Fagundes et al. (2021) a problemática de que a Atenção Básica em muitos cenários, ao longo do país, não compreende o usuário de saúde mental como pertencente aos seus cuidados é uma questão muito presente na lógica do serviço. 111 Em sequência, introduzimos alguns dos diversos conceitos e concepções acerca da crise psíquica grave, esta que ainda se configura como um dos principais desafios da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Numa proposta de apresentar a importância da intervenção precoce à crise psíquica grave, se recorreu ao trabalho do Grupo de Pesquisa e Intervenção Precoce nas Primeiras Crises do Tipo Psicótico (Gipsi/UNB), coordenado pelo professor Costa (2013), que tem alcançado resultados exitosos. Nesse cenário também citamos a experiência realizada por uma equipe de intervenção precoce a crise em Trieste na Itália, que teve como resultado a diminuição das internações psiquiátricas (Sade, et al., 2020). Para finalizar o capítulo I abordamos reflexões e apontamentos sobre as famílias da zona rural e o lugar do sofrimento psíquico grave, compreendendo que é necessário reforçar as alianças com a família, enquanto cuidadora e demandatária também de cuidados. No segundo capítulo, na forma exposta ainda como capítulo inicial, trazemos a discussão sobre produção de subjetividade e aspectos contemporâneos apontados por Guattari e Rolnik (1986), dentre outros autores. Neste, lançamos mão de conceitos como Cansaço e Esgotamento em Deleuze (2010), ressaltando a diferença entre os dois e a possibilidade da criação de novos possíveis diante do contexto e realidade vividos pelas famílias com pessoas em situação de crise psíquica grave. Na última sessão do segundo capítulo assinalamos alguns dos desafios das condições de vida na contemporaneidade, com base no conceito de biopoder em Foucault (2008); vida nua em Agamben (2007), bem como a relevante reflexão feita por Pelbart (2008), para pensarmos a subjetividade na contemporaneidade e suas condições de crise. Objetivos: Como objetivo geral da pesquisa pretendemos: Cartografar processos de subjetivação implicados no processo da crise psíquica grave junto às famílias da zona rural da cidade de Água Doce do Maranhão/MA. Como objetivos específicos, apontamos: 1) Acompanhar famílias da zona rural de Água Doce do Maranhão, do ponto de vista das suas formas de pensar, sentir e agir diante da experiência de crise psíquica grave; 2) Analisar os modos de subjetivação de famílias com entes em situação de crise psíquica grave a partir do acesso e do cuidado ofertado pelos serviços, e sobrecargas envolvidas; 3) Acolher e refletir, em conjunto com as famílias acompanhadas, acerca dos efeitos da experiência de cuidar de pessoas em situação de crise psíquica grave, e da emergência de processos de subjetivação compostos ao longo da realização do estudo. Método:A pesquisa em questão nasce com o intuito não apenas investigativo, mas, sobretudo interventivo de uma determinada realidade. Portanto se fará uso da cartografia, assinala no livro Pista do método cartográfico dos autores Passos et al. (2015), os mesmo têm seu embasamento em Deleuze e Guattari. 112 Além da produção de dados esse caminho metodológico permite ao pesquisador um contato com o campo que vai permitindo uma profunda experiência com o novo que surge nas relações e que provocará uma transformação também no próprio pesquisador. Quanto à utilização de ferramentas para a produção dos dados, precisamos ter sempre a clareza que a pesquisa cartográfica diz de um caminho, como já citado, que se dedica a acompanhar processos e habitar territórios (Passos, et al., 2015). Sendo assim, nossa pesquisa utilizará a entrevista cartográfica e, posteriormente, oficinas de crise, ambas realizadas com familiares e usuários de saúde mental moradores da área rural, na busca de uma produção de dados que esteja atenta ao que emerge do campo. Dessa maneira é necessário estar implicado com o lança-se no plano coletivo de forças, entendendo que este plano não está pronto para ser colhido no campo da investigação. Mas é, antes de tudo, fruto do trabalho que se dará por meio da escolha de dispositivos que façam sentindo ao campo problemático e que cooperem para a produção de dados. Para a operacionalização da pesquisa serão escolhidas três famílias de acordo com o matriciamento realizado com a Estratégia de Saúde da Família, respeitando o aspecto que um membro da família apresente sofrimento psíquico grave. As entrevistas cartográficas serão realizadas com o usuário de saúde mental e com os familiares (pelo menos 2 membros) que façam parte do convívio mais próximo. Posteriormente serão realizadas as oficinas Mapas da Crise, realizaremos 3 encontros, em espaços físicos pertencentes as próprias famílias, farão parte desse momento as 3 famílias que participaram das entrevistas. No primeiro encontro as famílias serão convidadas a construir um mapa que identifica os primeiros sinais e sintomas da crise (prodrômicos) que foram percebendo ao longo do contato com o sofrimento psíquico grave e como se dara relação familiar com estes sinais. No segundo encontro será construído o mapa sobre os laços de pertencimento que estão relacionados com as famílias, amigos, instituições religiosas e relações de trabalho e estudo do usuário, a família será convidada a montá-lo através de fotos ou figuras de jornais ou revista, buscaremos compreender que relações estão fragilizadas ou inexistentes e se podem ser resgatadas. Na construção do último mapa pensaremos com as famílias e usuários possibilidade de manejos, partindo de toda experiência evocada em suas falas ao longo da construção dos mapas anteriores, registrando num mapa físico da área rural a qual a família estar inserida, recursos físicos e afetivos que façam sentindo dentro do território existencial na busca de produção de novas subjetividades. Em relação as análises dos dados, os indicadores de análise tanto das entrevistas quanto da oficina de Mapas da Crise serão produzidos no acompanhar dos processos durante a cartografia, mas 113 antes já sabemos que nossa relação com estes diz sobre a reflexão da possibilidade da intervenção precoce a crise psíquica grave nos espaços de zona rural. Também buscaremos através do “fazer ver” deixar emergir as linhas, apontadas por Deleuze e Parnet (1998) que atravessam o campo problemático e os processos de subjetivação em curso ao longo da pesquisa.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ANA KARENINA DE MELO AARAES AMORIM - UFRN
Interno - 1402780 - GUILHERME AUGUSTO SOUZA PRADO
Presidente - 1774313 - JOAO PAULO SALES MACEDO
Notícia cadastrada em: 08/12/2021 22:19
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