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DEISY NAYANNY DE BRITO SILVA
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Espaços Livres e sua contribuição para a qualidade de vida no espaço urbano: Estudo em Teresina, Piauí.
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Orientador : WILZA GOMES REIS LOPES
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Data: 10/07/2025
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Os espaços livres públicos urbanos são essenciais para a obtenção da qualidade de vida humana e sustentabilidade da cidade, proporcionando, além de espaços de convivência e de lazer, áreas com vegetação, que contribuem para a redução de temperatura e para a drenagem urbana, sendo contribuindo para o equilíbrio urbano. Assim, representam espaços geossistêmicos que caracterizam e qualificam a cidade, devido às suas funções sociais, ambientais e culturais, mas que precisam estar distribuídos de forma equitativa na cidade, além de acompanhar o processo de crescimento urbano. Embora a cidade de Teresina apresente quantidade significativa de espaços livres públicos de lazer e recreação, como parques e praças, observa-se que, muitos bairros não têm espaços livres. Percebe-se, ainda, que a quantidade existente, muitas vezes, é insuficiente em relação à população, resultando em distribuição desigual. Ressalta-se, então, a necessidade de estudos para compreender como se encontra a relação entre o número de habitantes e a quantidade e qualidade dos espaços livres públicos. Desta forma, o objetivo geral foi analisar a contribuição de praças, parques e áreas vegetadas para a melhoria ambiental e social urbana, na cidade de Teresina, Piauí, com foco na sustentabilidade urbana. Como metodologia, foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, abordando periódicos científicos, livros, teses e dissertações, além de coleta de dados e imagens de satélite, em órgãos e instituições de pesquisa, em instituições governamentais municipais e estaduais. Também, foram coletados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e imagens de satélite do Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE) e do MapBiomas, que foram analisados e processados, utilizando-se o programa livre, software QGis 3.36.2. Foi observado que, a distribuição espacial das praças e parques em Teresina ocorre de modo irregular entre as diversas regiões da cidade. Embora, tenha sido identificada a existência de políticas públicas e legislações urbanas, que apontam para a necessidade de promover equidade, acessibilidade, sustentabilidade e resiliência urbana, constatou-se que sua efetivação prática ainda é marcada por desigualdades socioespaciais históricas. Foi encontrada distribuição desigual de espaços livres públicos entre as zonas administrativas, com maior concentração no Centro, onde foi mantido certa estrutura desses espaços, devido ao seu planejamento original. Nas demais zonas, as deficiências são marcantes, principalmente nas regiões mais periféricas, em que as distribuições de praças e parques demonstram concentração em bairros mais antigos ou má distribuição, o que aprofunda desigualdades de acesso e limita a função social e ambiental desses espaços. Esse cenário reforça a importância de repensar a lógica de crescimento urbano e da criação de mais espaços livres públicos, como praças e parques, visando garantir o acesso da população a serviços ecossistêmicos, lazer e convívio social, além de contribuir para a redução de mudanças climáticas, como as ilhas de calor nas cidades. Do ponto de vista ambiental, os parques têm se mostrado elementos estratégicos na mitigação dos efeitos das ilhas de calor urbanas, sobretudo quando dotados de vegetação densa, corpos d’água e inserção em áreas ecologicamente sensíveis, como as margens dos rios Poti e Parnaíba. Ressalta-se que, os espaços livres públicos em Teresina carecem, ainda, de reconhecimento efetivo, enquanto elementos estruturantes da cidade. Acredita-se que, a superação das desigualdades socioambientais observadas depende, diretamente, da articulação entre planejamento urbano integrado, gestão democrática e compromisso político com a justiça espacial e climática. voltados para a construção de uma cidade mais justa, resiliente e sustentável.
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HANA ROSA BORGES DE OLIVEIRA
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Avaliação socioeconômica e ecológica das tecnologias na produção de arroz (oryza sativa) no Assentamento Canto da Cruz-município de Buriti dos Lopes, Piauí
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Orientador : JAIRA MARIA ALCOBACA GOMES
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Data: 30/06/2025
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Os recursos hídricos em torno do assentamento e a utilização de maquinários agrícolas favorecem o desenvolvimento da orizicultura pelos agricultores familiares. Desse modo justificou-se o estudo de caso sobre a importância de avaliar os efeitos (positivos e negativos) quanto ao uso de tecnologia no sistema de produção do arroz, a fim de propor alternativas viáveis para melhor gerir o processo produtivo do cereal. Então questiona-se: como o uso de tecnologias tem impactado socioeconomicamente e ambientalmente o sistema de produção do arroz (Oryza Sativa) no assentamento Canto da Cruz no município de Buriti dos Lopes? Como hipótese: a introdução de máquinas no processo produtivo do arroz tem favorecido o aumento produtivo, renda, condições de trabalho e redução de água, energia e agrotóxicos. O objetivo geral é avaliar os impactos socioeconômicos e ecológicos do uso de tecnologia na produção de arroz (Oryza sativa) na propriedade familiar rural no assentamento Canto da Cruz. De modo especifico, i) descrever o histórico e características do assentamento Canto da Cruz ii) caracterizar os aspectos econômicos: produção, comercialização, consumo e renda; iii) verificar os efeitos ecológicos e socioeconômicos do uso de tecnologias na produção do arroz no assentamento. Trata-se de um estudo de caso, que se basearam em: pesquisa documental (levantamento da bibliografia conforme a temática e análises dos processos de criação e desapropriação do assentamento fornecido pelo INCRA). A pesquisa de campo, foi realizada através de visitas técnicas, entrevistas e aplicação de formulários semiestruturados com 58 chefes de famílias. Dentre as ferramentas de análise Software Ambitec Agro®, foi utilizado como ferramenta de avaliação dos dados socioeconômico e ambiental e o Microsoft Access para dados econômicos da produção do arroz. O assentamento Canto da Cruz cuja desapropriação do imóvel foi aprovada em 28 de setembro de 2005, a pedido do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, trata de atender a interesses sociais, no qual famílias desassistidas não possuíam qualquer política pública, e viviam em situação de extrema pobreza. A pesquisa apontou os impactos socioeconômicos e ecológicos nos critérios e seus efeitos positivos e negativos do uso de tecnologia adotada diante do desempenho da atividade agrícola. Os negativos: mudança do uso indireto da terra; consumo de água, consumo de insumos agrícolas; consumo de energia; geração própria, aproveitamento reuso e autonomia; emissão atmosférica, qualidade do solo; qualidade da água, conservação da biodiversidade; capital social; capacitação, qualificação e oferta de trabalho, valor da propriedade, segurança e saúde ocupacional, gestão de insumos químicos. Os efeitos positivos: mudança do uso direto da terra, qualidade do produto, qualidade do emprego e ocupação, oportunidade emancipação e recompensa equitativa, geração de renda, segurança alimentar, dedicação e perfil do responsável, condição e comercialização, disposição de resíduos, relacionamento institucional. O assentamento destacou-se por ser uma comunidade rural familiar com gestão agrícola organizada, tomam a orizicultura, um negócio coletivo próspero, pois todos associados são responsáveis ativamente de todo processo produtivo do arroz. Concluiu-se que a falta de investimentos, programas e projetos que vise transferências de tecnologias para os agricultores familiares, poderá ocasionar uma defasagem ou uma queda de produtividade futura, aumentando os custos da produção. Em relação ao meio ambiente a pesquisa mostrou que não houve redução da quantidade de agrotóxico, água e energia e poucas foram as ações voltadas para preservação dos recursos naturais.
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CARLOS HENRIQUE PEREIRA LEITE
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Desafios e Potencialidades da Transição Energética no Piauí: Um Olhar para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7
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Orientador : MARCOS ANTONIO TAVARES LIRA
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Data: 04/06/2025
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O Estado do Piauí, com seu vasto potencial em energias renováveis, apresenta-se como um protagonista na transição energética brasileira. No entanto, a efetiva implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7, que visa garantir o acesso à energia limpa e acessível para todos, ainda enfrenta desafios. Este estudo analisa os avanços e obstáculos na implementação das metas do ODS 7 no Piauí entre 2016 e 2023, com foco nas políticas públicas, cooperação internacional e infraestrutura, a fim de contribuir para a formulação de estratégias mais eficazes para a transição energética no estado. O tema se justifica pela urgência estratégica de mudança da matriz energética mundial para a descarbonização da economia e a necessidade de cumprimento das diretrizes do tratado multilateral do Acordo de Paris. A contribuição desta tese resulta, assim, em fornecer um diagnóstico específico sobre a execução, até o ano de 2023, das metas do ODS 7 pelo Estado do Piauí, bem como sugerir alternativas e recomendações para a implementação integral do tema abordado. Partiu-se, então, para a revisão da literatura especializada e coleta de documentos e informações sobre as matrizes energética e elétrica, no âmbito mundial, no Brasil, na Região Nordeste e no Estado do Piauí. Posteriormente, realizou-se o levantamento dos instrumentos estaduais de gestão durante o período compreendido entre o início da Agenda 2030 até o ano pretérito (2016/2023), bem como a execução das políticas públicas específicas referentes à temática. Os resultados parciais apontam para o cumprimento ainda fragmentado das metas específicas do ODS 7 pelo Estado do Piauí, destacando-se positivamente a cooperação internacional e a expansão da infraestrutura local, mas com potencialidade para a consecução da integralidade dos propósitos.
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JÉSSICA CRISTINA OLIVEIRA FROTA
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ESTOQUE DE CARBONO NOS SOLOS E NA VEGETAÇÃO DE MANGUE NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) DELTA DO PARNAÍBA
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Orientador : GUSTAVO SOUZA VALLADARES
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Data: 30/05/2025
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Os ecossistemas costeiros em especial as áreas de mangue, são considerados ambientes com grande potencial para estocagem de carbono, os conhecidos blue carbon. Com o aumento dos níveis de carbono na atmosfera, tornou-se necessário compreender a capacidade desses ecossistemas em armazenar esse carbono. Diante disso, este trabalho teve como objetivo geral mapear os estoques de carbono presente nos solos e na biomassa vegetal dos manguezais da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (APA DPHB) e como objetivos específicos: Realizar um levantamento fitossociológico das espécies vegetais existentes no ecossistema de mangue da APA DPHB; Estimar o estoque de carbono existente na biomassa vegetal acima do solo (AGB) das áreas de vegetação de mangue presentes na APA DPHB; Estimar o estoque de carbono orgânico presente no solo através de dados obtidos em campo e mapear o estoque de carbono existente na biomassa vegetal e no solo a partir de dados do sensoriamento remoto associados ao uso de Machine Learning. Para isso, foram instaladas 27 parcelas de 200 m², onde através da sua delimitação foi possível coletar dados de altura e circunferência a altura do peito de cada indivíduo, considerando indivíduos mortos e vivos. A identificação da diversidade das espécies de mangue, foi realizada através do estudo fitossociológico, por meio da identificação do índice de diversidade de Shannon (H’), índice de Simpson (S’) e Equabilidade de Pielou (J). Para o cálculo da biomassa foram utilizadas equações alométricas e sua distribuição espacial foi mapeada por sensoriamento remoto, utilizando as bandas espectrais e índices de vegetação derivados de imagens dos satélites Landsat 8-9/OLI e Sentinel-2/MSI e o uso de aprendizado de máquina (AM), onde foram testados vários modelos de predição (Random forest, Xgboost, Regressão Linear Múltipla, Cubist, Earth e Support vector machine (Linear, Radial e Polinomial)). A estimativa dos estoques totais de carbono orgânico no solo (EstCOT) foi realizada através de metodologia similar à da biomassa vegetal (AGB) e levando em consideração que as amostras de solos foram coletadas nos intervalos de 0-10, 10-20, 20-30,30-50 e 50-10 cm, determinadas as concentrações de carbono através de análises, para em seguida ser calculados os EstCOT e estimados através de modelos. Com isso, para a área de estudo, foram inventariados 649 indivíduos, onde 629 são pertencentes a 5 espécies de mangue: Rhizophora mangle L.; Laguncularia racemosa (L.); Conocarpus erectus L., Avicennia germinans e Avicennia schaueriana. Os demais indivíduos são representativos de outras espécies de áreas de transição: Indigofera sp; Mauritia flexuosa L., Euterpe oleracea Mart. e Genipa americana L. totalizando 23 indivíduos, sendo a espécie R. mangle a que apresentou o maior valor de importância e valor de cobertura, maior dominância, densidade, frequência e maior número de indivíduos, seguida das espécies do gênero Avicennia spp. O maior número de indivíduos foi registrado nas primeiras classes de diâmetro (2,86 – 14,86 cm), o índice de Shannon (H’) foi de 1,27 nats.ind-1, a equabilidade de Pielou foi 0,61 e o índice de Simpson foi de 0,62. Esses valores indicaram uma baixa diversidade, porém uma certa dominância da espécie R. mangle. Essa espécie também obteve a maior quantificação de biomassa vegetal apresentando 790 Mg ha-¹ e o modelo que melhor ajustou a predição aos dados de AGB foi o XGB nos dois sensores (MSI e OLI), porém o período seco foi o que apresentou melhor ajuste, com R²= 0.93, RMSE = 66.74 Mg ha-1 e MAE de 49.42 Mg ha-1. Os EstCOT encontrados na APA variaram de 70,9Mg ha-¹ a 502,90 Mg ha-1. O modelo XGB também apresentou o melhor desempenho geral nos dois sensores (MSI e OLI) com o menor RMSE (36.45 Mg ha-1 e 36.61 Mg ha-1, respectivamente), o menor MAE (27 Mg ha-1 e 29,57 Mg ha -1) e um R² consistente de 0,88, o que nos leva a acreditar que seu uso depende da escala final que se deseja. O modelo RF também teve um ajuste considerado elevado pela literatura. Dessa forma, observou-se que os dados encontrados para a estimativa da biomassa e os estoques de carbono no solo da APA DPHB são relevantes e importantes para compreender melhor o ciclo global do carbono, a sustentabilidade dos ecossistemas de mangue, bem como disseminar o uso de ferramentas que auxiliam de forma efetiva na estimativa, podendo contribuir com uma ação contra a mudança global do clima, conforme o ODS 13 proposto na Agenda 2030. Além disso, o levantamento do sequestro de carbono nos mangues do Delta do Parnaíba é importante para o planejamento local e para o desenvolvimento de trabalhos nesta área, tendo em vista a limitação de literatura relacionadas a essa temática, pois o estudo dos estoques de carbono nos solos e vegetações de ambientes litorâneos do Brasil ainda são escassos.
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FRANCISCO ANTONIO GONÇALVES DE CARVALHO
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Acesso, gestão e distribuição de água em regiões semiáridas: estudo no Vale do Rio Guaribas, Piauí
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Orientador : WILZA GOMES REIS LOPES
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Data: 23/05/2025
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A água é um recurso indispensável para a sobrevivência humana, para o desenvolvimento econômico e para a sustentabilidade ambiental, desempenhando importante papel em atividades produtivas, como a agricultura e a indústria. No entanto, o semiárido nordestino, especialmente o Território do Vale do Rio Guaribas, localizado na região sudeste do estado do Piauí, enfrenta grandes desafios de disponibilidade hídrica. Essa situação é particularmente severa, caracterizada por períodos frequentes e prolongados de seca, impactando diretamente à agricultura, comprometem o abastecimento de água para consumo humano e intensificam as condições de vulnerabilidade socioeconômica da população local. O objetivo geral neste estudo foi analisar, de forma integrada, a vulnerabilidade socioambiental no território do Vale do Rio Guaribas, com ênfase nos impactos da restrição hídrica nas esferas social, econômica e ambiental. A metodologia incluiu revisão bibliográfica, focada nos aspectos da crise hídrica e nos desafios enfrentados na gestão de bacias hidrográficas no semiárido, para embasar e subsidiar as discussões. Foi realizado levantamento de dados secundários, sobre indicadores de escassez hídrica, como a disponibilidade de água e a utilização de práticas de gestão dos recursos hídricos, disponíveis em bases de dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com moradores de oito municípios do Vale do Rio Guaribas, incluindo Sussuapara, São João da Canabrava, São Luís do Piauí, Paquetá, Mosenhor Hipólito, Pio IX, Santo Antônio de Lisboa e Alagoinha, visando captar as percepções locais sobre o acesso à água e os desafios cotidianos enfrentados pela população. Para destacar as áreas mais afetadas pela escassez de água, foram utilizados arquivos vetoriais (Shapefiles) de malhas municipais e estaduais do IBGE e da ANA, processados no software QGIS (versão 3.32.3), com ferramentas de recorte e dissolução. Os mapas foram produzidos com base no Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000). Foi constatado que a distribuição de água na região é irregular, deixando muitas áreas sem acesso adequado a este recurso. Nos últimos anos, na região foram registrados volumes pluviométricos inferiores a 400 mm anuais, insuficientes para atender às demandas emergenciais de abastecimento. A escassez de água tem impactado diretamente a qualidade de vida da população e contribuído para a redução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios afetados. Observou-se, ainda, que grande parte do território apresenta baixa disponibilidade de recursos hídricos, com águas frequentemente impróprias para o consumo humano, devido à elevada salinidade e à contaminação do solo, o que caracteriza a região como vulnerável do ponto de vista hídrico. Como alternativa, a perfuração de poços intensificou-se entre 2020 e 2024, com aumento de 17% no número de unidades, totalizando 5.807 poços instalados, muitos sem licenciamento ambiental. Destes, cerca de 28% apresentam contaminação por sais minerais, forçando diversas famílias a buscar outras fontes de abastecimento para suprir suas necessidades básicas. Dessa forma, é essencial a implementação de ações integradas e sustentáveis, que assegurem o acesso equitativo à água de qualidade, promovendo a segurança hídrica para as comunidades do semiárido nordestino.
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ROBERTA GOMES DE ARAÚJO
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A FAUNA E AS PESSOAS SURDAS DO MEIO NORTE DO BRASIL
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Orientador : WEDSON DE MEDEIROS SILVA SOUTO
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Data: 30/04/2025
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: Estima-se que há aproximadamente 1 bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo. No Piauí, cerca de 10,8% dos habitantes enfrentam algum tipo de limitação funcional. O território piauiense tem um elevado número de espécies animais devido à variedade vegetacional. No entanto, ainda é reduzido o número de pesquisas que envolvam pessoas com deficiência (PcD) na etnobiologia e ciências ambientais. Nesse sentido, a pesquisa destaca a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e adaptada que considere as especificidades linguísticas e culturais das PcD, especialmente das pessoas surdas, em relação à interação com a fauna. Considerando esse panorama, o trabalho tem como objetivo compreender como ocorre a inclusão de pessoas com deficiência em pesquisas dos campos etnobiológicos e ambientais, explorando especificamente o conhecimento que pessoas surdas têm sobre a fauna. Sendo assim, realizamos uma revisão sistemática no primeiro capítulo onde mapeamos a distribuição geográfica e os temas de pesquisa envolvendo PcD. No segundo capítulo, buscamos identificar como as variáveis socioeconômicas influenciam no conhecimento faunístico das pessoas surdas, meios de aquisição e sentimentos associados. Os dados foram obtidos no período de abril a outubro de 2023 e analisados através de síntese temática e análise estatística. Identificamos que, os temas mais frequentes nas pesquisas investigadas foram ensino de ciências e biologia, seguido de educação ambiental, tendo com frequência o uso do modelo social da deficiência. Dentre as origens dos saberes relacionados aos animais, identificamos a tradição como fonte principal, seguido da mídia. No tocante aos sentimentos, observamos que as pessoas surdas tendem a ter mais sentimentos positivos pelos animais domésticos. Por fim, percebemos as lacunas existentes nas pesquisas que envolvem a etnobiologia, temáticas ambientais e PcD, além de nos apontar a necessidade de construção de material didático sobre a fauna adaptado para o ensino de pessoas surdas.
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FABRÍCIO HIGO MONTURIL DE MORAIS
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Uso de sistemas de bombeamento fotovoltaico como tecnologia social em regiões semiáridas: Estudo em áreas rurais do Piauí
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Orientador : WILZA GOMES REIS LOPES
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Data: 25/04/2025
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Nas últimas décadas tem-se percebido mudanças no sistema climático da Terra, trazendo como efeito principal o surgimento de eventos extremos, como secas severas que podem levar ao processo de desertificação e à degradação dos ecossistemas. Uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas é o Semiárido Brasileiro, onde tem-se verificado o aumento de estiagens e secas, trazendo insegurança hídrica, alimentar e energética para a sua população. O semiárido brasileiro é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo, tendo como principal ocupação a agropecuária, desenvolvida por meio da agricultura familiar e da criação de bovinos, caprinos e ovinos. Estas atividades geralmente apresentam baixo grau tecnológico e são fortemente dependentes da disponibilidade dos recursos naturais, principalmente a chuva. Outra característica marcante do semiárido brasileiro é a exclusão energética, verificada pelo baixo índice de eletrificação rural, devido às dificuldades de implantação de rede elétrica de distribuição. A falta de acesso à energia elétrica de qualidade vem prejudicando a qualidade de vida dos habitantes e atrasando o desenvolvimento agropecuário. Como forma de assegurar o progresso tecnológico, social e econômico por meio da gestão integrada e sustentável dos recursos naturais, foram propostos, a nível mundial, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Por outro lado, ações que busquem garantir a segurança hídrica, energética e alimentar, tendo em vista os desafios interpostos, como a degradação dos ecossistemas, demanda crescente, mudanças climáticas, urbanização e globalização, são expressos por meio do termo “nexo água-energia-alimentos”. Assim, destaca-se a importância de estudos sobre do uso de tecnologias que possam auxiliar na convivência com o semiárido para o acesso à água e para outras atividades, inerentes ao bemestar do ser humano. Essas tecnologias, conhecidas como tecnologias sociais, consistem em alternativas para as demandas dos indivíduos e comunidades em estado de vulnerabilidade econômica, política, jurídica e social. As recentes preocupações ambientais e de desenvolvimento sustentável renovaram o interesse no uso de bombeamento de água movido à energia solar em todo o mundo. Esta tecnologia demonstra potencial para o abastecimento de água em comunidades rurais sem acesso à energia elétrica. A região Nordeste dispõe de condições favoráveis para o uso da energia solar principalmente, nas áreas rurais, pelos elevados índices de irradiação solar. Associado a isso, verifica-se no semiárido, grande quantidade de aquíferos subterrâneos, com águas de ótima qualidade para consumo humano e outras finalidades. Dessa forma, a utilização da energia fotovoltaica poderia ser uma alternativa interessante, em termos de segurança energética, para a retirada de água dos aquíferos existentes na região. Assim, pretende-se analisar o uso da energia solar fotovoltaica enquanto tecnologia social, considerando seus impactos socioeconômicos em comunidades rurais piauienses de clima semiárido.
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JANETE BARROS DA SILVA
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Diversidade de macrofungos e valorização do conhecimento etnomicológico dos povos originários Guajajara do Maranhão
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Orientador : ROSELI FARIAS MELO DE BARROS
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Data: 14/03/2025
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Etnomicologia, ramo das Etnociências que pesquisa a relação dos seres humanos com os fungos, é uma ciência recente. A pesquisa etnomicológica permite uma melhor compreensão do uso de macrofungos por grupos étnicos e fornece uma imagemA pesquisa etnomicológica permite uma melhor compreensão do uso de macrofungos por grupos étnicos e fornece uma imagem mais clara da cosmovisão que as pessoas têm sobre a ecologia, uso, classificação e conservação dos macrofungos. Objetivou-se com o estudo investigar e sistematizar o conhecimento tradicional dos povos originários Guajajara sobre os macrofungos, destacando sua diversidade e percepção, apresentando revisão sistemática do tema, importância ecológica e usos tradicionais, a fim de desenvolver uma cartilha educativa que promova a conservação destes organismos nas aldeias indígenas. A pesquisa se delineou nos seguintes questionamentos: Como os fungos são percebidos no ambiente e como é transmitido o conhecimento etnomicológico entre as gerações? Há usos das espécies e como resgatar esse conhecimento para conservá-las? Duas Hipóteses foram elencadas : Os Guajajara conhecem e fazem uso dos macrofungos encontrados no ambiente e que eles transferem o conhecimento etnomicológico ao longo das gerações. As Aldeias Pé de Galinha e Três Irmãos da em Barra do Corda/MA, foram escolhidas para a realização do estudo. Como aportes metodológicos, foi utilizado na análise qualitativa, as técnicas do rapport, turnês-guiada, caderno de campo, checklist-entrevista e entrevista semiestruturada. O valor de uso, índice de diversidade de Shannon-Weiner, índice de Sørensen e Método Prisma, foram utilizados para análise quantitativa. O material coletado foi incorporado ao Herbário Graziela Barroso (TEPB) da UFPI. O Universo amostral contou com 96 indígenas, entre jovens, adultos e idosos. Os resultados revelaram que os Guajajara reconhecem e já fizeram uso de pelo menos seis espécies das documentadas. Concordaram que Auricularia tremellosa (Fr.) Pat. foi usada na alimentação dos antepassados. Na ludicidade: Calvatia rugosa (Berk. & M.A. Curtis) D.A. Reid, Geastrum hariotii Lloyd. e G. javanicum Lev. e ocasionalmente para fins medicinais citaram o Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill e Lentinus crinitus (L.) Fr. O Valor de Uso não foi tão expressivo. A transmissão vertical foi a responsável pela dinâmica do conhecimento sobre os macrofungos. Embora o interesse pela Etnomicologia tenha avançado nos últimos anos, poucos estudos (6,6%) foram conduzidos com povos indígenas do Brasil, recuperando 15 trabalhos sobre a temática entre 2014 a 2024. As comunidades urbanas (27%) e rurais (67%) tiveram maior representatividade que as indígenas (6%). A região Nordeste foi a que obteve maior destaque nas publicações (46%). Documentou-se 42 espécies dos filos Basidiomycota e Ascomycota. A família Polyporaceae foi a melhor representada, com nove espécies catalogadas. A maioria das espécies é sapróbia (65%). O índice de Sørensen revelou alta similaridade entre as aldeias (0,41) e maior diversidade de Shannon encontrada na Aldeia Três Irmãos. Para os Guajajara, a estação chuvosa (88%) é o período que os macrofungos mais aparecem, e crescem em sua maioria nos troncos das arvores (51%). Dado o exposto, podemos assegurar que essas aldeias não possuem total aversão aos macrofungos, sendo consideradas parcialmente micofílicas. Mais estudos são necessários para a divulgação da Etnomicologia entre os povos originários, com vistas a minimizar as lacunas sobre a biodiversidade e conservação fúngica, sobretudo para o estado do Maranhão.
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HELDER ARAUJO DE CARVALHO
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Sustentabilidade e impactos socioambientais dos resíduos vegetais nas feiras livres da Serra da Ibiapaba
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Orientador : JOAO BATISTA LOPES
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Data: 14/03/2025
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A atividade agrícola no Brasil é fundamental na oferta de alimentos para a população local e global. Entretanto, o crescimento do setor agrícola levanta preocupações sobre os impactos socioambientais e a necessidade de práticas sustentáveis, como as feiras livres. Ao passo em que comercializam produtos perecíveis, elas contrariam a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que incentiva a redução, reutilização, reciclagem e valoração dos resíduos. Este estudo contemplou os municípios de Ubajara, Viçosa do Ceará e Tianguá, situados na região da Serra da Ibiapaba, estado do Ceará. A pesquisa visou analisar a sustentabilidade e os impactos socioambientais dos resíduos vegetais nessas feiras à luz da PNRS. Metodologicamente, foram realizadas análises de gerenciamento de resíduos urbanos, análise cienciométrica sobre publicações em resíduos orgânicos na Web of Science e coleta de dados com feirantes e consumidores. Os questionários contemplaram 91 feirantes e 104 consumidores. O estudo incluiu observações sobre a dinâmica das feiras, focando na gestão dos resíduos vegetais. A inclusão dos consumidores na pesquisa deve-se ao papel que desempenham na conscientização ambiental e cobrança pelo gerenciamento adequado dos resíduos. Os resultados sinalizam pequenos avanços relacionados às metas da PNRS, como a falta de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) e a baixa adoção de práticas de aproveitamento dos resíduos. A disposição final inadequada, como lixões, aterros controlados e a incineração, ainda é uma realidade brasileira, mesmo após mais de uma década da implementação da PNRS. Entre as práticas adotadas de valoração dos resíduos, a reciclagem, a compostagem e a geração de energia a partir do biogás, mostraram-se promissoras, mas subutilizadas no país. Faltam dados atualizados no Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR) e alguns municípios não prestaram contas sobre a gestão de resíduos. Na literatura, os estudos sobre resíduos orgânicos de feiras livres ainda são escassos, embora haja um movimento entre os pesquisadores para explorar o impacto desse tipo de resíduo no meio ambiente e os benefícios após a adoção de práticas sustentáveis. Os achados das três feiras revelaram problemas relativos à gestão inadequada dos resíduos vegetais, falta de infraestrutura, descarte inadequado e falta de ações locais de reaproveitamento. Tais problemas decorrem, dentre outros, da presença de vetores que prejudicam a saúde humana e da qualidade do meio ambiente. Diante dessa realidade, houve a percepção equivocada dos feirantes quanto à inofensividade dos resíduos orgânicos e à carência de ações educativas voltadas principalmente para feirantes, mas também para os consumidores. Elas aumentariam a compreensão sobre os resíduos e estimulariam a cooperação dos feirantes em ações públicas voltadas ao reaproveitamento. Além disso, os impactos ambientais advindos dos resíduos presentes nas feiras reforçam a urgência de implementar práticas sustentáveis, como compostagem e geração de biogás, para reduzir os resíduos enviados a aterros e mitigar os efeitos ambientais nocivos ao espaço urbano. A avaliação dos impactos e a análise SWOT permitiram propor políticas públicas e gerenciais alinhadas à PNRS e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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STÊNIO LIMA RODRIGUES
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Integração do Custeio do Ciclo de Vida Ambiental nos Currículos de Graduação: Um Estudo na UFPI e UFMA
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Orientador : ELAINE APARECIDA DA SILVA
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Data: 13/03/2025
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A integração de conceitos de sustentabilidade nos cursos de graduação é necessária para enfrentar os desafios globais da contemporaneidade. A formação tradicional, segmentada em disciplinas, dificulta a preparação dos discentes para lidar de forma sistêmica com problemas ambientais. Por isso, é relevante abordar esses temas com um enfoque interdisciplinar nos currículos. Apesar do crescente interesse por assuntos como impactos ambientais e custos de serviços, produtos ou processos sob a perspectiva do ciclo de vida, os currículos ainda não proporcionam a formação necessária para preparar adequadamente os alunos. Assim, a abordagem de ferramentas como o Custeio do Ciclo de Vida Ambiental (CCV-A) nos cursos de graduação enfrenta desafios devido à sua natureza interdisciplinar. Integrar esse tema na formação dos discentes contribui para a promoção de uma educação de qualidade, capacitando-os para um consumo e produção mais conscientes. Este estudo, realizado nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Economia e Engenharia de Produção, analisa a abordagem do CCV-A, investigando estratégias de ensino e a efetividade na aprendizagem dos alunos. Os cursos foram selecionados por apresentarem maior aderência aos conteúdos do CCV-A. Foram analisadas as matrizes curriculares dos cursos de graduação da Universidade Federal do Piauí e da Universidade Federal do Maranhão, para identificar disciplinas que abordavam conteúdos relacionados à ferramenta. A pesquisa, que combinou métodos bibliográfico, documental e de campo, envolveu a análise de 133 artigos sobre o CCV-A, a análise de Projetos Pedagógicos Curriculares (PPCs) e Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), aplicação de questionários com 37 docentes e coordenadores, entrevistas com 195 estudantes e a realização de um Painel Delphi com 35 especialistas internacionais. Os resultados indicaram o potencial para a integração do CCV-A nos currículos, com conteúdos como custos, impactos ambientais e indicadores econômicos se conectando com as competências previstas nas DCNs e PPCs. Foram identificadas abordagens para o CCV-A, como o ensino transversal, a criação de disciplinas específicas, cursos de extensão, eventos e projetos extracurriculares. Um framework foi proposto e validado para auxiliar professores na integração transversal do CCV-A, articulando dimensões, eixos temáticos, conteúdos, disciplinas e diretrizes específicas. A análise da compreensão dos alunos revelou que a maioria deles conhecem os conteúdos dos CCV-A, mas apresenta dificuldades em aplicá-lo na prática, o que demonstra a necessidade de desenvolver habilidades específicas para o uso da ferramenta. Com base nos resultados, foi proposto um quadro orientativo para a aprendizagem do CCV-A, utilizando a Taxonomia de Bloom para definir níveis de competência, objetivos de aprendizagem e programas de ensino. Com o Painel realizado com especialistas foi possível validar 45 insights úteis para auxiliar docentes na abordagem do CCV-A em sala de aula. Em síntese, a pesquisa desenvolvida facilitou a compreensão e o planejamento da abordagem do CCV-A em IES. Os resultados forneceram subsídios para as instituições de ensino e professores, abordarem o tema nos cursos de graduações, contribuindo para o avanço da sustentabilidade econômica e ambiental na formação acadêmica.
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LETÍCIA SOUSA DOS SANTOS
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Angiospermas do Piauí, Brasil: riqueza, distribuição e conservação,
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Orientador : IVANILZA MOREIRA DE ANDRADE PAIVA
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Data: 12/03/2025
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Apesar de sua riqueza florística, o estado do Piauí apresenta lacunas no conhecimento sobre sua flora, o que dificulta a identificação de táxons nativos, endêmicos e ameaçados de extinção, dados essenciais para traçar estratégias de conservação e uso sustentável. Com esta tese, o nosso objetivo foi investigar a riqueza, distribuição e perspectivas de conservação de angiospermas no Piauí. A pesquisa foi baseada principalmente na compilação de informações florísticas e fitogeográficas a partir de levantamentos bibliográficos e consultas a repositórios públicos. Adicionalmente, coletamos informações etnobotânicas junto a 120 moradores da comunidade rural Goiabeira, em Passagem Franca do Piauí. As análises incluíram listas florísticas, métodos estatísticos descritivos e inferenciais, elaboração de mapas temáticos, como coropléticos, de grade quadricular e de modelagem de distribuição de espécies. Na literatura sobre a flora do Piauí, identificamos 541 publicações (382 artigos, 104 capítulos de livros, 25 dissertações e 30 teses), destacando-se a Etnobotânica como área mais explorada. Essa produção científica distribuiu-se em 150 dos 224 municípios, sendo significativamente influenciada pela presença de instituições de ensino/pesquisa e áreas protegidas. Os resultados revelaram a presença de 3.407 espécies de angiospermas no Piauí, distribuídas em 1.094 gêneros e 176 famílias, incluindo 3.000 nativas, 1.054 espécies endêmicas do Brasil e 64 ameaçadas de extinção. Nas Unidades de Conservação, foram registradas 1.521 espécies, com 443 endêmicas e 16 ameaçadas, concentrando-se nas proximidades de áreas prioritárias de conservação nos domínios da Caatinga e do Cerrado. A modelagem de Callindra ulei Harms (Fabaceae) demostrou a presença de habitas extremamente adequadas em ambos os domínios fitogeográficos sob as condições climáticas atuais. As projeções futuras indicam, entretanto, uma redução de 75,30% a 84,20% desses habitats até 2100. As informações etnobotânicas revelaram que 70 espécies de plantas são consideradas prioritárias pela comunidade Goiabeira, com a seleção sendo significativamente associada à sua utilidade, especialmente para alimentação, medicina e construção. A partir do exposto, contribuímos com avanços no conhecimento da flora de angiospermas do Piauí, direcionando pesquisas e excursões botânicas para regiões pouco exploradas. Com a integração de diferentes abordagens, preenchemos lacunas científicas e destacamos a importância de estratégias de conservação que considerem as mudanças climáticas, o conhecimento local e o contexto socioambiental em ações de proteção da biodiversidade.
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AIANNA RIOS MAGALHÃES VÉRAS E SILVA
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Gestão de resíduos sólidos de serviços de saúde: processos e estratégias com a pandemia de COVID-19
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Data: 11/03/2025
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O coronavírus (Sars-Cov-2) surgiu na China, em dezembro de 2019, sendo que suas primeiras evidências causaram doença respiratória em humanos (COVID-19) e, devido a sua alta taxa de transmissibilidade, disseminou-se, rapidamente, para os demais países, tornando-se uma pandemia, o que exigiu mudanças em toda a sociedade, principalmente no contexto hospitalar. Diante dessa situação, os cuidados com os resíduos, sobretudo, de ambientes hospitalares, tornaram-se mais rigorosos, fazendo com que os países focassem na busca por protocolos mais seguros de gestão e manejo dos resíduos sólidos de serviços de saúde (RSS), uma vez que uma das possíveis formas de transmissão da COVID-19 ocorre por meio dos resíduos sólidos infectados, tendo os RSS, em especial, uma elevada carga de agentes infecciosos. Diante dessa problemática, este estudo objetiva analisar os processos e estratégias utilizadas no gerenciamento dos RSS em dois hospitais de rede pública em Teresina-PI (um municipal e o outro estadual), no contexto da pandemia de COVID-19, por meio de uma pesquisa bibliográfica, seguida de uma investigação e análise dos protocolos para o gerenciamento dos RSS, anteriormente e durante a pandemia de COVID-19 nos locais estudados. Além disso, realizaram-se entrevistas e aplicaram-se questionários, junto aos responsáveis diretos por esse gerenciamento, além de efetuarem-se levantamento dos tipos e volume de resíduos sólidos gerados, buscando revelar os impactos e mudanças em cenários de crise sanitária nesses locais. Com a revisão sistemática pôde-se verificar que a pandemia alterou a quantidade dos RSS, impactando nos âmbitos social, ambiental e econômico e que estudos atuais visaram à mitigação desses impactos com a busca de soluções “verdes”, além de mudanças e/ou adaptações nas políticas de gestão dos RSS, enfatizando a importância de diretrizes que visem à conscientização pública sobre os riscos desses resíduos. Os resultados indicam que os hospitais enfrentam deficiências estruturais que comprometem a eficácia na gestão de resíduos. Ademais, observa-se uma gestão insuficiente, caracterizada por falhas em áreas como capacitação de pessoal, monitoramento e supervisão das empresas terceirizadas, entre outros aspectos críticos. Ambos os hospitais ampliaram o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e atualizaram seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), mas as práticas reais frequentemente divergem dos procedimentos documentados. A pesquisa revelou também uma significativa deficiência na formação contínua dos funcionários sobre o manejo de resíduos, evidenciando a necessidade urgente de programas de treinamento robustos para garantir a eficácia e a segurança das práticas de gerenciamento de resíduos. Por fim, ressalta-se que a eficácia na gestão de RSS em hospitais públicos depende de uma abordagem integrada que envolve treinamento contínuo, melhoria da infraestrutura, sistemas de monitoramento específicos e flexibilidade operacional. Essas ações, se adotadas de forma coesa, poderão proporcionar um ambiente mais seguro para os trabalhadores da saúde, minimizar os impactos ambientais e garantir a conformidade regulatória em todos os níveis de operação.
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VICENTE DE PAULA SOUSA JUNIOR
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A Caatinga em transformação: As mudanças no uso da terra, biomassa e economia causados pela mundialização do capital no Complexo de Campo Maior
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Orientador : GIOVANA MIRA DE ESPINDOLA
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Data: 25/02/2025
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Este estudo investiga os impactos socioeconômicos, ambientais e territoriais da expansão agrícola e energética no Complexo Campo Maior (CMC), no Piauí, analisando como o capital globalizado transforma os territórios e redefine as dinâmicas locais. Utilizando uma abordagem metodológica interdisciplinar, o estudo combina o mapeamento de uso e cobertura da terra por meio de imagens de satélite Landsat processadas na plataforma Google Earth Engine, a estimativa de biomassa acima do solo (AGB) com base em índices de vegetação e modelagem estatística, e a análise de dados socioeconômicos e fundiários extraídos de fontes como IBGE, MapBiomas, Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) e Cadastro Ambiental Rural (CAR). É contextualizada em diferentes recortes do período posterior à crise econômica global de 2008, que intensificou a inserção do Brasil nos fluxos de capital internacional, promovendo a expansão de monoculturas de commodities, como a soja, e o avanço de grandes empreendimentos de energia solar fotovoltaica, ambos sustentados por investimentos estrangeiros e por políticas que incentivam o uso intensivo de terras no bioma Caatinga. Os resultados revelam que a expansão agrícola tem sido marcada pelo aumento expressivo da área cultivada com grãos, especialmente soja, consolidando a fronteira agrícola no CMC e promovendo transformações significativas no uso da terra, muitas vezes em detrimento da vegetação nativa. A perda de cobertura vegetal compromete a biodiversidade local, afeta o habitat de diversas espécies e altera o ciclo do carbono, agravando os impactos das mudanças climáticas. Paralelamente, o crescimento do setor de energia solar, com a instalação de grandes usinas fotovoltaicas, também demanda extensas áreas, intensificando as pressões sobre o território. Esses processos estão associados à concentração fundiária, com indícios de irregularidades na apropriação de terras e no avanço de atividades econômicas sobre áreas de vegetação nativa da Caatinga, aumentando desigualdades socioeconômicas e conflitos fundiários. Apesar de contribuir para o crescimento econômico regional, a expansão desordenada desses empreendimentos revela uma ausência de planejamento integrado e políticas públicas capazes de equilibrar os interesses econômicos com a preservação ambiental e os benefícios sociais. Conclui-se que as transformações territoriais no CMC, impulsionadas pela mundialização do capital, têm gerado vulnerabilidades socioambientais e econômicas, ameaçando a sustentabilidade do bioma Caatinga. Nesse contexto, destaca-se a necessidade de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável, conciliando a transição energética e o avanço agrícola com a proteção da biodiversidade, a justiça fundiária e a garantia de condições de vida dignas para as populações locais.
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OSIEL CÉSAR DA TRINDADE JÚNIOR
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Etnobiologia Evolutiva de plantas alimentícias tradicionais em comunidades rurais do cerrado maranhense, Brasil
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Orientador : ROSELI FARIAS MELO DE BARROS
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Data: 14/02/2025
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A Etnobiologia associa conceitos da evolução cultural humana a fim de conhecer a dinâmica das tradições locais, ao incorporar dimensões culturais, cognitivas e ecológicas. A Etnobotânica incorpora dessas bases conceituais para compreender como o saber relacionado a Plantas Alimentícias Tradicionais (PATs) é transmitido e evolui culturalmente. Objetivou-se compreender a relação entre a Etnobiologia Evolutiva (EE) e as PATs nas comunidades rurais Barra do Saco, Saco e Associação Fomento no município de Codó, Maranhão. A pesquisa é de natureza qualiquatitativa, por meio de pesquisas bibliográficas, levantamentos de dados socioeconômicos e etnobotânicos, aplicação de formulários semiestruturados, observação participante, turnês-guiadas, lista livre e conversas informais com 117 agricultores rurais, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos. Foram citadas 92 etnoespécies de PATs, pertencentes a 49 famílias e 80 gêneros, sendo 49 nativas e 43 exóticas. As famílias com maior número de espécies foram: Solanaceae (7%), Cucurbitaceae (6,5%), Arecaceae e Malvaceae (5,4%) e Fabaceae (4,35%). Dentre as PATs mais citadas pelos agricultores tem-se: vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.), vinagreira-roxa (Hibiscus acetosella Welw. ex Hiern), coentrão-caboclo (Eryngium foetidum L.), major-gomes (Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.), açaí (Euterpe oleracea Mart.) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.). Os frutos (46%) e as folhas (32%) são os mais consumidos in natura, em sucos e refrescos, em saladas, cozidos com carnes, feijão e arroz. Os índices de Shannon (4,12) e Simpson (0,98) revelaram diversidade e riqueza de PATs nas três comunidades, havendo consenso entre as informações dos homens e das mulheres. O arroz com cuxá, prato típico da culinária maranhense, revelou que os saberes tradicionais são transmitidos entre as gerações, desde a colheita da planta até o preparo, ficando as mulheres responsáveis em repassar as informações. As pesquisas no campo da Etnobiologia Evolutiva, revelam que os saberes tradicionais são difundidos, a oralidade na transmissão cultural é típica nas comunidades, porém a teoria da construção de nichos destaca que as alterações ambientais geram pressões seletivas negativas sobre a não aceitação e desconhecimento de determinadas PATs, principalmente pelos mais jovens. Os resultados permitiram identificar novas lacunas que associam a segurança nutricional e os conhecimentos tradicionais em comunidades rurais na região do Cerrado maranhense. A resiliência que as comunidades rurais em Codó possuem em relação às práticas de manejo dos recursos alimentares, conservação da biodiversidade e sustentabilidade ambiental, lhes permitem projetar condições equilibradas para a manutenção dos conhecimentos tradicionais. A valorização dos recursos vegetais locais pode estimular a interação do homem com a natureza, além de promover a conservação das plantas alimentícias tradicionais.
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CAÍQUE RODRIGUES DE CARVALHO SOUSA
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Interfaces educacionais entre as Ciências Ambientais e as Ciências da Natureza e suas Tecnologias em associação com a Educação Ambiental
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Data: 30/01/2025
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A área de Ciências Ambientais, um campo interdisciplinar que analisa a complexa relação entre ambiente, sociedade e economia, habilita profissionais a lidar com questões socioambientais, buscando soluções e promovendo a educação ambiental (EA). O ensino de Ciências da Natureza, com seus componentes curriculares ambientais, facilita a integração da EA no processo educacional. A EA, por sua vez, é fundamental para formar cidadãos conscientes e críticos, capazes de agir em prol da sustentabilidade. Nesse contexto, objetivou-se compreender abordagens de EA em diferentes níveis do processo educacional, por meio de inter-relações e perspectivas diversas entre Ciências Ambientais e Ciências da Natureza. As Ciências Ambientais aqui trazidas corresponderam às temáticas socioambientais trabalhadas, especificamente EA, e o contexto das políticas públicas ambientais na pós-graduação. Já as Ciências da Natureza foram traduzidas especificamente nos contextos educacionais de aplicação na graduação e no ensino médio. A EA interliga as seções desta tese e foi abordada de modo (inter)disciplinar e transversal. Na pós-graduação stricto sensu em Políticas Públicas, a EA foi associada a políticas públicas ambientais, por meio de seminários e papers (miniartigos), promovendo reflexão crítica sobre temas como sustentabilidade e gestão ambiental. Na graduação em Química, a temática de água foi utilizada para explorar a EA, por meio de visita técnica e discussão mediada, sobre tratamentos de águas de piscinas e suas implicações socioambientais. Na graduação em Ciências da Natureza, a EA foi abordada de forma ampla, utilizando diversas metodologias (exposições teórico-dialogadas, indicações de leituras, resumos textuais, problematizações, debate, mapas conceituais e quadros comparativos) para explorar conceitos, abordagens e perspectivas sobre o tema. Na educação básica, por meio de revisão de literatura e pesquisa de campo, a importância da EA foi evidenciada como tema transversal, especialmente no ensino de Biologia, e a necessidade de superar desafios como a interdisciplinaridade e a utilização de materiais didáticos específicos. A Base Nacional Comum Curricular foi apontada como importante marco orientador para a implementação da EA na educação básica. Conclui-se que a EA é essencial em todos os níveis de ensino e que a diversificação de metodologias e a promoção do diálogo interdisciplinar são fundamentais para uma formação ambiental eficaz
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