O quiabeiro (Abelmoschus esculentus (L.) Moench) é uma espécie agrícola cultivada em diversos países, e a demanda por essa hortaliça aumentou significativamente na última década. Devido ao monocultivo, diversos problemas fitossanitários estão associados à cultura, com destaque para a murcha de fusarium, doença que tem comprometido a produção em várias regiões do Brasil. No Brasil, a murcha de fusarium foi registrada pela primeira vez em 1920, causando prejuízos especialmente em variedades suscetíveis. O agente etiológico da murcha do quiabeiro e algodoeiro é Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. A terminologia formae specialis (f. sp.) foi proposta por Snyder & Hansen (1940) para acomodar isolados de F. oxysporum que induzem sintomas de murcha em hospedeiros específicos. Com o avanço de estudos baseados em análises filogenéticas multilocus, o termo formae specialis deixou de ser considerado uma categoria taxonômica, além de não está relacionado com especificidade de hospedeiros. Estudos recentes demonstram que diferentes formae speciales de F. oxysporum correspondem, na realidade, um complexo de linhagens e espécies filogeneticamente distintas. Apesar da importância agronômica da fusariose do quiabeiro, pesquisas envolvendo a identificação molecular do patógeno são escassas. Atualmente, existem apenas duas sequências gênicas de F. oxysporum provenientes de quiabeiro depositadas no GenBank, classificadas de forma equivocada como F. oxysporum f. sp. vasinfectum. Com base nessas premissas, utilizando sequenciamento do gene TEF-1α, avaliação de marcadores morfológicos e teste de patogenicidade, esta pesquisa tem como objetivo verificar (i) quais espécies do complexo de F. oxysporum estão associadas à murcha de fusarium em quiabeiro? (ii) os isolados induzem murcha em quiabeiro? (iii) os isolados apresentam diferentes níveis de agressividade? Para isso, foram coletadas plantas de quiabeiro com sintomas de murcha em cinco áreas de cultivo distintas, obtendo-se 30 isolados com morfologia de F. oxysporum. A análise filogenética baseada no gene TEF-1α confirmou que F. oxysporum f. sp. vasinfectum é representado por três espécies (F. gossypinum, F. triseptatum e F. sangayamense) e duas linhagens do complexo F. oxysporum. Todos os isolados induziram sintomas como amarelecimento, queda das folhas, escurecimento dos vasos do xilema e murcha. Através do reisolamento dos patógenos das plantas com sintomas de murcha, foi possível confirmar a presença de Fusarium, completando-se assim as etapas do postulado de Koch. F. gossypinum (isolado VB 15) destacou-se por apresentar o maior nível de agressividade. Enquanto, os isolados Fus 138 e Fus 139 apresentaram menor média de lesão, indicando baixa agressividade. O índice de doença (ID) variou de 20% a 100% entre os isolados. Estes resultados fornecem subsídios a técnicos e pesquisadores, auxiliando no diagnóstico da murcha de fusarium, no direcionamento de programas de melhoramento genético e na compreensão da diversidade de espécies dentro de F. oxysporum f. sp. vasifectum.