A biodiversidade brasileira, em especial no Bioma Cerrado é uma fonte promissora de substâncias químicas bioativas para o desenvolvimento de novos fármacos direcionados para as doenças neurodegenerativas com aspectos fitoquímicos, farmacológicos e terapêuticos desconhecidos. Neste contexto, as espécies Eugenia dysenterica DC. (Cagaiteira)e a Annona crassiflora Mart. (Araticunzeiro) foram selecionadas para isolamento e identificação de inibidores da acetilcolinesterase (AChE), enzima relacionada a doença de Alzheimer (DA), uma patologia neurodegenerativa que afeta a memória e capacidade de raciocinio. Foram realizados também análises da atividade antioxidante a partir de óleos essenciais da espécie E. dysenterica (OEC). As coletas de 1,0, 1,3 e 1,8 kg de folhas de E. dysenterica, de folhas e frtuos A. crassiflora, respectivamente, obtidas no campus do IFPI na cidade de Uruçuí-PI nos meses de janeiro e fevereiro de 2014. O OEC foi obtido utilizando-se o sistema de hidrodestilação, tipo Clevenger. Posteriormente realizou-se identificação e caracterização do OEC por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM) com detector de ionização de chamas (CG/DIC). Ensaios antioxidantes foram realizados com o OEC, baseados na formação de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), radical hidroxila (OH∙) e produção de óxido nítrico (NO). Para a espécie A. crassiflora foram elaborados extratos hexânico (EH) e metanólico (EM), sendo estes submetidos à extração ácido-base objetivando-se a extração de alcaloide. As técnicas a saber: cromatografia em coluna (CC), cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), RMN1H e RMN13C, foram utilizadasna tentativa de isolamento e elucidação estrutural de substâncias isoladas de A. crassiflora. A avaliação do potencial anticolinesterásico foi realizada seguindo-se a metodologia descrita por Ellman (1961) e adaptado por Rhee (2001) que detecta inibidores da AChE para ambos os materiais vegetais. A tentativa de extração de alcaloides, por maceração, das folhas de A. crassiflora apresentou os seguintes rendimentos: EH= 1,74% e EM= 32,47%. Observou-se a presença de alcaloides nos extratos quando utilizado o reagente de Dragendorf. Os extratos EH e EM de A. crassiflora apresentaram resultados positivos para os testes de inibição qualitativos e quantitativos da AChE. A análise do OEC por CG/EM permitiu identificar seis constituintes, sendo o óxido de cariofileno o majoritário com (66,37%). Foi observado a partir do ensaio de Ellman que OEC foi capaz de inibir a AChE com um valor de CI50 =0,916 ug.mL-1 (p <0,05) sendo um valor promissor comparando-se com o medicamento neostigmina (IC50 = 1,87 μg.mL-1), um inibidor da AChE utilizado no tratamento da DA. Nas concentrações testadas foi observado que OEC preveniu a peroxidação lipídica, inibindo a quantidade de TBARS formado, de maneira semelhante ao ácido ascórbico. Além disso, houve uma redução na produção de OH∙, assim como a produção de NO. Diante do exposto, sugere-se que a espécie E. dysenterica possa ser utilizadas em futuras formulações farmacêuticas sendo visto que o óleo essencial desta espécie apresentou atividade antioxidante e anticolinesterásico promissores in vitro o que é motivador para ensaios in vivo. O estudo dos extratos e frações das folhas e frutos de A. crassiflora, apresentaram indicativos positivos para a presença de alcaloides e compostos nitrogenados. Os extratos e substâncias isoladas de A. crassiflora apresentaram resultados positivos para inibição da AChE, sendo resultados promissores na busca de fitofármacos para o tratamento de doenças neurodegenerativas.