Feridas diabéticas representam um problema de saúde pública onde milhões de pessoas
com diabetes ou doenças vasculares são afetadas. Hidrogeis à base de polímeros e
incorporados a substâncias com ação antimicrobiana e cicatrizante se destacam como
uma alternativa no tratamento dessas feridas crônicas. Neste estudo, curativos formados
por hidrogeis de alginato, nanopartículas de prata (AgNPs) e extratos das cascas e folhas
de Ximenia americana L. foram sintetizados e avaliados em um modelo in vivo de
lesões cutâneas. O alginato de sódio foi utilizado como base do curativo e agente
redutor e estabilizante das nanopartículas de prata. A natureza cristalina das AgNPs
produzidas via síntese verde foi confirmada na análise de DRX pelos picos de difração
em 38º, 43º e 64º correspondentes às reflexões de Bragg (111), (200) e (220) desse
material, respectivamente. Os espectros de FTIR dos hidrogeis apresentaram bandas de
absorção características dos grupos funcionais do alginato com algumas alterações nas
posições e valores dos picos, sugerindo a participação do polímero na reação de redução
da prata. As imagens de MEV mostram que os hidrogeis produzidos possuem superfície
lisa e macroestrutura homogênea. A análise microbiológica revelou que os hidrogeis
produzidos possuem atividade antibacteriana semelhante ou superior ao antibiótico de
referência. O teste de cicatrização in vivo indica redução na área da lesão tratada com os
hidrogéis nos períodos de 3, 7 e 14 dias. O teste de hemólise em eritrócitos de
mamíferos mostrou que o a associação entre Alginato, AgNPs e extratos de X.
americana forma um hidrogel hemocompatível, o que junto aos outros resultados
sugere a possibilidade de utilização desse bioproduto na produção de curativos cutâneos
capazes de cobrir o leito da ferida e liberar compostos ativos com atividade
antimicrobiana durante o processo de cicatrização.