RESUMO
Introdução: O envelhecimento populacional no Brasil eleva a prevalência de doenças crônicas, perda funcional e fragilidade em pessoas idosas, aumentando riscos como hospitalizações, dependência e óbito. A Síndrome da Fragilidade é uma condição complexa que exige cuidados multidimensionais, com planejamento que integre práticas preventivas e cuidados continuados, a fim de mitigar o impacto de doenças crônicas, perdas funcionais e outros desfechos negativos. Paralelamente, o suicídio em pessoas idosas é um problema de saúde pública, influenciado por fatores como isolamento, luto, depressão e perda de funcionalidade. Objetivo: Analisar a relação entre a síndrome da fragilidade, a vulnerabilidade clínico-funcional e o comportamento suicida das pessoas idosas atendidas na Estratégia de Saúde da Família. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativo, realizado com pessoas idosas atendidas na Estratégia Saúde da Família, realizado de novembro de 2023 a novembro de 2024. A amostra foi composta por 298 participantes, selecionados por conveniência, que atenderam aos critérios de inclusão: idade ≥ 60 anos, cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde e em condições cognitivas de responder os questionários. Foram utilizados três instrumentos principais para a coleta de dados: Formulário sociodemográfico e clínico, Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 e Nurses Global Assessment Risk of Suicide. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial, utilizando testes de associação entre fragilidade, condições clínicas e risco suicida. O presente estudo teve parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 7.155.742 e CAAE: 83406424.3.0000.5214. Resultados: Entre as 298 pessoas idosas, 31,2% foram classificadas como frágeis, 31,9% em risco de fragilização e 36,9% como robustas. A maioria apresentava comorbidades (88,3%), principalmente hipertensão (66,8%) e diabetes (35,6%). Cerca de 85% faziam uso de medicação contínua, e 18,5% usavam psicotrópicos, sendo esses os mais associados à fragilidade e ao risco suicida. O risco de suicídio revelou que 54,7% tinham baixo risco, 24,2% risco intermediário, 11,4% risco elevado e 9,7% muito elevado. O risco foi maior entre viúvos, pessoas idosas com baixa escolaridade, aquelas que moravam sozinhas e as que apresentavam 5 ou mais comorbidades. A depressão foi o principal fator associado ao risco suicida, seguido por glaucoma e uso de psicotrópicos. Pessoas idosas classificadas como frágeis apresentaram maior prevalência de risco muito elevado de suicídio (51,7%). Conclusão: O estudo revelou forte relação entre a síndrome da fragilidade, vulnerabilidade clínico-funcional e comportamento suicida das pessoas idosas atendidas na Estratégia Saúde da Família. Pessoas idosas frágeis, com baixa escolaridade, renda limitada, múltiplas comorbidades e uso de psicotrópicos apresentaram maior risco suicida. Fatores como isolamento social e viuvez intensificam esse risco. Os achados reforçam a importância de avaliações clínicas e funcionais para identificação precoce de pessoas idosas vulneráveis e implementação de estratégias preventivas. O estudo destaca a necessidade de políticas públicas e intervenções específicas que priorizem a redução da fragilidade e a promoção da saúde mental nessa população.