RESUMO
Introdução: Pacientes com o vírus da imunodeficiência humana (HIV-1) internados em unidades de terapia intensiva (UTI) enfrentam maior risco de piora funcional, decorrente de fatores como imobilidade, uso de ventilação mecânica (VM), sedativos e drogas vasoativas (DVAS). Essas condições não apenas prolongam o tempo de internação, mas também comprometem a recuperação funcional e a qualidade de vida, destacando a importância de identificar preditores de declínio funcional e de implementar estratégias para sua prevenção. Objetivo: Verificar quais os fatores preditores de piora da funcionalidade ao final da internação de pacientes críticos adultos portadores do vírus HIV-1/AIDS internados na UTI do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela (IDTNP). Métodos: Trata-se de um estudo de campo, prospectivo e observacional, realizado na UTI de um hospital público em Teresina-PI, entre março e outubro de 2024. Foram incluídos 30 pacientes diagnosticados com HIV-1. Os dados foram coletados na admissão e alta da UTI, utilizando a ICU Mobility Scale (IMS) para medir a funcionalidade. Variáveis clínicas e socioeconômicas, dentre elas, idade, sexo, hábitos de vida, uso de sedativos e tipo de ventilação. Foram realizados teste de correlação Pearson, de regressão logística (com teste de Hosmer-Lemeshow e regressão linear conforme adequado a variáveis categóricas ou contínuas. Resultados: A amostra foi composta por 30 pacientes, majoritariamente homens (67%), com idade média de 42,8±11,2 anos. A funcionalidade dos pacientes, indicou uma perda média de 43% entre a admissão e a alta, com queda significativa no escore de mobilidade (9,93±0,365 na admissão para 5,4±3,9 ao final da internacionalização, p<0,001). O tempo de VM (r=0,5999; p=0,0005), tempo de sedação (r=0,5278; p=0,0027), tempo de DVA (r=0,5405; p=0,0020) e tempo de internação (r=0,5190; p=0,0033) se correlacionou com a perda de funcionalidade. Na análise de regressão, avaliou-se a relação entre a perda de funcionalidade com o tipo de ventilação, uso de DVAS e sedação. Conclusão: O estudo revelou uma perda acentuada na funcionalidade de pacientes críticos com HIV-1 internados em UTI, o declínio foi associado ao tempo de ventilação mecânica, sedação, uso de DVAS e internação. A análise de regressão destacou o tipo de ventilação, sedação e drogas vasoativas como preditores independentes de piora funcional. Esses achados reforçam a importância de estratégias como manejo criterioso de sedação, otimização da ventilação e mobilização precoce para minimizar a perda de funcionalidade.