A sedação é um componente essencial no manejo da agitação e ansiedade em pacientes críticos, mas a sedação profunda pode estar associada a complicações, como aumento do tempo de ventilação mecânica, prolongamento da internação e elevação da mortalidade. O Índice Bispectral é uma ferramenta para monitoramento da sedação, mas seu uso na UTI ainda é limitado. O objetivo deste estudo foi avaliar a o impacto do monitoramento do Índice Bispectral no consumo de sedativos e nos desfechos clínicos de pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva. Trata-se de um estudo prospectivo, descritivo e quase randomizado, realizado na UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI) entre abril de 2024 e janeiro de 2025. Foram incluídos 39 pacientes, divididos em dois grupos: 20 no grupo controle (avaliação clínica tradicional) e 19 no grupo BIS (monitoramento pelo Índice Bispectral). Os participantes foram acompanhados quanto ao consumo de sedativos, tempo de ventilação mecânica, duração da internação e desfecho clínico (alta ou óbito). A análise estatística utilizou o software GraphPad Prism, empregando testes de normalidade, correlação e comparação entre grupos. Não houve diferença estatisticamente significativa no consumo médio de midazolam entre os grupos (p = 0,4977), mas o grupo BIS apresentou menor custo total com sedação (p = 0,022). A mediana de dias de internação na UTI foi ligeiramente maior no grupo BIS (20 dias) em comparação ao grupo controle (16 dias)(p = 0,1636). O tempo de ventilação mecânica foi menor no grupo BIS (9 dias) do que no grupo controle (11 dias), porém sem correlação estatística relevante (p = 0,3104).No desfecho óbito, o grupo BIS apresentou um percentual de 36,84%, enquanto o grupo controle foi de 70% (p = 0,0379). O valor médio do BIS para a população estudada foi de 49,89, sem correlação positiva entre o BIS e a escala RASS (r = -0,1216; p = 0,2304). Conclui-se, que o BIS não reduziu significativamente o consumo de sedativos, o tempo de permanência na UTI ou o tempo de ventilação mecânica. A ausência de correlação significativa entre os valores do BIS e da RASS reforça a necessidade de utilizar o BIS como ferramenta complementar e não como substituto das avaliações clínicas subjetivas. Esses achados reforçam a necessidade de mais estudos para consolidar o papel do BIS na prática clínica da terapia intensiva