O presente estudo visa investigar os efeitos antioxidantes e vasoprotetores induzidos por uma manteiga industrializada obtida das sementes de Platonia insignis Mart. (MIB) em modelo de estresse oxidativo por etanol, por meio de ensaios in vivo e ex vivo, para potencial aplicação no tratamento das doenças cardiovasculares. O Capítulo I descreve os fundamentos teóricos acerca do papel do estresse oxidativo na fisiopatologia da hipertensão arterial sistêmica (HAS), enfatizando a participação das espécies reativas de oxigênio e nitrogênio no desequilíbrio redox e na consequente disfunção endotelial. Apresenta-se, também, uma análise da literatura referente aos efeitos do etanol, cuja exposição crônica está associada ao aumento da produção de radicais livres e à intensificação da lesão vascular, bem como dos compostos
antioxidantes, que demonstram potencial em restabelecer o equilíbrio redox e em atenuar os efeitos deletérios do etanol sobre o sistema cardiovascular. Ademais, o capítulo ressalta que a compreensão dos mecanismos biomoleculares envolvidos na interação entre estresse oxidativo, etanol e sistemas antioxidantes constitui um eixo essencial para o avanço de estratégias terapêuticas voltadas à prevenção e ao controle das doenças cardiovasculares. O Capítulo II apresenta uma revisão sistemática sobre a adoção do protocolo PRISMA e um levantamento da literatura científica que sintetiza os resultados dos artigos publicados entre 2001 e 2020 sobre o uso de plantas medicinais no manejo da hipertensão, incluindo quais partes da planta ou organismo são utilizados, bem como os mecanismos de ação subjacentes ao efeito anti-hipertensivo. Além disso, também foi realizada uma prospecção tecnológica em escritórios de patentes de diferentes países para verificar tecnologias baseadas em produtos naturais reivindicados para o tratamento ou prevenção da hipertensão. O Capítulo III destaca o potencial terapêutico da Platonia insignis Mart., espécie amazônica pertencente à família Clusiaceae e reconhecida pela presença de metabólitos bioativos com propriedades antioxidantes. Por meio de uma revisão narrativa da literatura, foram identificados estudos fitoquímicos que evidenciam a expressiva atividade antioxidante de diferentes partes da planta — folhas, sementes, casca, flores e polpa — e de compostos solados, como a benzofenona garcinielliptona FC e a xantona γ-mangostina. Esses compostos demonstraram capacidade de inibir a peroxidação lipídica, sequestrar radicais livres e modular vias celulares associadas ao estresse oxidativo, incluindo NRF2 e SIRT1. Além disso, extratos etanólicos e diclorometânicos mostraram inibição de enzimas pró-oxidantes, como a xantina oxidase e a NADPH oxidase. Assim, o capítulo reforça o potencial de P. insignis como fonte promissora de agentes cardioprotetores e antioxidantes, ressaltando, contudo, a necessidade de estudos clínicos e moleculares mais aprofundados para consolidar seu uso farmacêutico. O Capítulo IV apresenta uma investigação dos efeitos antioxidantes e vasorrelaxantes de uma manteiga industrializada obtida das sementes de Platonia insignis Mart. (MIB) em modelo experimental de estresse oxidativo induzido por etanol. O estudo foi conduzido com 40 ratas Wistar, distribuídas em cinco grupos experimentais tratados com diferentes doses de MIB (25 e 50 mg/kg), N-acetilcisteína (200 mg/kg) ou apenas etanol. A avaliação dos parâmetros bioquímicos, antioxidantes, histopatológicos e de reatividade vascular demonstrou que o tratamento com a MIB promoveu aumento significativo nos níveis de triglicerídeos e VLDL em relação ao controle positivo além de modular a atividade da mieloperoxidase (MPO). As análises histológicas evidenciaram que o etanol induziu alterações hepáticas e cardíacas características de estresse oxidativo, as quais foram atenuadas, de forma mais expressiva, pelo tratamento com MIB 50 mg/kg, em comparação à N- acetilcisteína. No estudo da reatividade vascular, verificou-se hiporreatividade à fenilefrina nos animais expostos ao etanol, enquanto o tratamento com MIB aumentou a resposta vasoconstritora e favoreceu o vasorrelaxamento induzido por nitroprussiato de sódio. Em síntese, o capítulo evidencia o potencial terapêutico da manteiga de P. insignis frente às alterações oxidativas e vasculares induzidas pelo etanol, ressaltando a necessidade de estudos complementares para elucidar seus mecanismos de ação e consolidar seu uso como agente cardioprotetor.