RESUMO
Esta pesquisa é produzida pela poética das mãos sujas de argila e pelas pontas dos dedos, tendo como tema-gerador: a permanência de jovens cotistas. A pesquisa está inserida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí - UFPI, na linha de pesquisa Educação, Diversidade/Diferença e Inclusão e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em “Educação, Gênero e Cidadania” - NEPEGECI e ao Observatório das Juventudes e Violências na Escola - OBJUVE. O problema da pesquisa é: Como jovens cotistas do Curso de Pedagogia, UFPI, Campus de Teresina/PI criam meios para sua permanência na universidade. Temos como objetivo geral: Analisar os modos de permanência dos/as jovens cotistas do Curso de Pedagogia, UFPI, Campus de Teresina/PI e os seguintes objetivos específicos: Identificar os conceitos de permanência produzidos por jovens cotistas do Curso de Pedagogia, UFPI, Campus de Teresina/PI e Elencar os problemas e as táticas criadas pelos/as jovens cotistas do Curso de Pedagogia, UFPI, campus de Teresina/PI para sua permanência. O referencial teórico é fundamentado em: Adad (2014); Gauthier (2012; 2010); Petit (2014; 2019); Carneiro (2023); Evaristo (2020); Gomes (2017); Jesus (2021); Kilomba (2019); Martins (2021); Vaz (2022) dentre outros/as. A metodologia utilizada foi a Sociopoética e seus princípios, a saber: formação do grupo-pesquisador, valorização das culturas dominadas e de resistência, utilização do corpo como episteme de conhecimento, técnicas artísticas na produção dos dados e a responsabilidade ética na pesquisa (Adad, 2014). Na pesquisa o diário de itinerância foi utilizado pelo grupo-pesquisador de forma coletiva como escrita-viva a partir das experiências dos/as copesquisadores/as nas oficinas. Na oficina de produção de dados utilizamos a técnica artística “Mutante” e a partir da cartografia do pensamento do grupo-pesquisador identificamos suas percepções antes de atravessar o portal (metáfora utilizada na produção dos dados, isto é, portal como elemento de teletransporte ao lugar universidade). Dessa forma, inicialmente a universidade é percebida com um lugar bonito e ao mesmo tempo assustador, um sonho imposto, como um castelo gigante, com muros altos, com obstáculos difíceis para chegar, como mundo novo, a promessa da realização dos sonhos e um lugar de não pertencimento. No entrelugar antes e durante identificamos que é um caminho sombrio, cheio de pedras, sentimento de incapacidade, de ser pouca e pequena para estar na universidade quando se mora na periferia, o sentir-se deslocado/a, intimidado/a, amedrontado/a, acuado/a e sozinho/a porque é diferente, sentimento de culpa por não saber quem é naquele espaço. Depois do portal temos a potencialização e a efetivação da permanência, seja pelo aprender e ajudar quem tem dificuldade, pelo reconhecimento de si, pelo autoconhecimento, pela exposição e expansão de si e pela confiança. Em vista disso, os/as copesquisadores/as, ao produzirem conhecimento, também criam novas formas de problematizar a permanência na universidade.