RESUMO
A presente pesquisa de Mestrado está vinculada ao Programa de Pós-graduação em
Educação da Universidade Federal do Piauí (PPGEd – UFPI), na linha de pesquisa de
Educação, Diversidade/Diferença e Inclusão, apresentando como objeto de estudo a
trajetória de jovens negros cotistas. Parte-se do problema: Como tem sido a trajetória de
jovens negros cotistas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA – Campus
Caxias), destacando as suas dificuldades, modos de enfrentamento e de subjetivação?
Desse modo, é tecido o seguinte objetivo geral: Analisar a trajetória de jovens negros
cotistas no ensino superior, a partir do Sistema Especial de Reserva de Vagas da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA - Campus Caxias), destacando as suas
dificuldades, modos de enfrentamento e de subjetivação. Ainda, no percurso
investigativo, possui os seguintes objetivos específicos: a) Analisar como a Lei n°
9.295/10 vem sendo discutida e implementada na UEMA – Campus Caxias; b)
Compreender como ocorreu a inclusão da política de cotas na UEMA – Campus Caxias
a partir das experiências dos jovens negros; c) Relacionar as dificuldades enfrentadas
por jovens negros cotistas na sua trajetória no ensino superior; d) Identificar os modos
de enfrentamento das dificuldades por jovens negros cotistas na trajetória do Ensino
Superior e seus efeitos nos processos de subjetivação. A abordagem metodológica
adotada neste estudo é a Cartografia, método de pesquisa-intervenção que acompanha
processos, produz subjetividades, causa efeitos no plano das forças e, sobretudo, acessa
o plano das experiências. Para a produção dos dados, foram realizadas oficinas de
experiências e criação, utilizando dispositivos e técnicas artísticas para imergir, engajar
e possibilitar ao grupo-participante produzir narrativas. Outros instrumentos foram
usados como a entrevista semiestruturada, a observação e uso do diário de itinerância,
além da análise de documentos institucionais. As bases teóricas de sustentação dos
estudos foram: Foucault (1995a, 1998b, 2010c, 2023d); Carneiro (2023); Vaz (2022),
Vaz e Ramos (2021); Mbembe (2017a, 2018b); Hooks (2019a, 2019b, 2022c); Gomes
(2017); Fanon (2020); Machado (2020); Pereira Santos (2023); Morais (2022); Dayrell
(2002); Diógenes (1998); Deleuze e Guattari (2010a, 2011b); Larrosa (2022); Certeau
(1998); Silva (2020a, 2022b); Passos, Kastrup, Escóssia (2020); Passos, Kastrup,
Tedesco (2016); Horta (2003) dentre outras leituras de suporte legal e transversal, como
a educação em direitos humanos, As narrativas dos jovens negros cotistas revelaram
experiências de dor em suas trajetórias, evidenciando dificuldades no acesso à UEMA –
Campus Caxias e nos processos de inclusão no interior desse espaço de poder, dentre
elas: letramento racial escasso; preconceito e discriminação; racismo institucional,
silenciamento e currículo engendrado. A questão do ser pardo manifesta-se como um
gargalo, tanto pela dificuldade de ser aceito entre seus pares negros, uma espécie de
não-lugar, como na autodefinição, embora a sua presença, o pardo, tem sido acentuada
na política de cotas; há imbricamento entre raça, gênero e classe vulnerabilizando ainda
mais as participantes mulheres. Em contrapartida, mostraram também modos de
enfrentamento a partir do rendimento acadêmico, na formação política racial para um
conhecimento de si e na afirmação de jovem negro cotista como sujeito de direito.