Esta pesquisa aborda sobre o Currículo das Escolas do Campo, cujo objetivo principal é investigar as estratégias político-pedagógicas adotadas pela Ecoescola Thomas a Kempis, visando o desenvolvimento de práticas curriculares que contemplem a realidade sociocultural dos jovens do campo. De forma específica, descrevemos as atividades educativas desenvolvidas na Ecoescola voltadas à investigação da realidade do campo. Também compreendemos como os conhecimentos abordados nas diferentes disciplinas lecionadas nessa escola favorecem uma reflexão crítica sobre o território camponês. E analisamos os desafios enfrentados pelos professores no âmbito do desenvolvimento das atividades educativas voltadas a realidade da educação do campo. Essa pesquisa foi desenvolvida na Ecoescola Thomas a Kempis, localizada no território rural, do Município de Pedro II, no Estado do Piauí. Usamos a abordagem qualitativa tendo como instrumentos de construção dos dados da pesquisa a análise documental e a entrevista semiestruturada para 8 participantes, dentre eles 4 professores (as) e 4 quatro alunos (as). Elaboramos 4 eixos de análise: 1) as atividades educativas desenvolvidas na Ecoescola que dialogam com os princípios da Educação do Campo; 2) as estratégias pedagógicas adotadas na Ecoescola voltada à articulação interdisciplinar dos conhecimentos; 3) os desafios enfrentados pelos professores no desenvolvimento das atividades educativas voltadas a realidade da educação do campo; e 4) as estratégias pedagógicas que podem ser adotadas pela Ecoescola para superar os desafios relacionados ao processo de contextualização das práticas educativas. A pesquisa conclui que as atividades educativas desenvolvidas na Ecoescola Thomas a Kempis contrapõem-se ao modelo do currículo voltado a matrizes urbanocêntricas, pois trabalha com conhecimentos que dialogam com a realidade dos estudantes. A Ecoescola realiza também projetos que possibilita o desenvolvidas práticas educativas interdisciplinares, com a troca de experiências entre professores-estudantes, professores-professores, e sobretudo conta com a participação da comunidade, fortalecendo a relação dialógica entre a escola e a comunidade. Apesar da Ecoescola desenvolver atividades voltadas a realidade dos estudantes, os participantes da pesquisa foram consensuais ao afirmarem que ainda existem inúmeros desafios no que diz respeito a insuficiência de professores permanentes, a falta de livros didáticos que dialoguem com a realidade dos sujeitos do campo, a falta de equipamentos adequados para as aulas práticas na disciplina de agroecologia e a falta de transportes escolares que possibilite a realização de aulas fora da escola.