A presente dissertação de Mestrado, intitulada “Experiências de Jovens Mulheres Negras Cotistas na Universidade Pública” parte dos afetamentos produzidos através das experiências vivenciadas com e entre jovens da periferia, especificamente as que estão atravessadas pelos demarcadores da exclusão, como a questão étnica-racial, de gênero e classe que historicamente dificultaram o acesso ao ensino superior . Assim, o problema que norteou a pesquisa refere-se a: Quais as experiências de superação das jovens mulheres negras cotistas, estudantes e/ou egressas da universidade pública? A pesquisa traz como objetivo geral: analisar as experiências de Jovens Mulheres Negras Cotistas da periferia, estudantes ou egressas da Universidade Federal do Piauí. Especificamente, visa: mapear as Experiências das Jovens Mulheres Negras Cotistas de Grupos de Base; identificar as dificuldades encontradas por essas jovens mulheres negras cotistas; compreender nas narrativas produzidas por elas, os modos de superação das dificuldades ao ingressarem na universidade. A abordagem metodológica adotada neste estudo é a Cartografia como método, que confronta a visão eurocêntrica dos estudos sobre raça e gênero, ao tempo que converge com as perspectivas decolonial e contracolonial, usando técnicas de produção de dados inspiradas na cultura africana. As bases teóricas para esta produção sustenta-se nos estudos de Morais (2022), Vaz (2022; 2023), Carneiro (2023), Mbembe (2018), Gomes (2017), Machado (2020); Martins e Vitagliano (2019), Collins (2021), Dayrell (2016), Hooks (2022, 2021)), Deleuze e Guattarri (2010), Larrosa (2016), Silvia (2022); Passos, Kastrup e Tedesco, (2014), Barros e Passos (2009), dentre outras leituras de suporte legal e na transversalidade com a Educação em Direitos Humanos. As narrativas das jovens negras cotistas produzidas nas rodas e nos diários apontam como principais dificuldades a pandemia covid-19, o medo e a insegurança, a ausência de assistência estudantil como bolsas que pudessem garantir as condições de permanência na universidade e a presença do racismo na sala de aula, composta por maioria masculina. Nas superações, apresentam como pistas o apoio familiar e de amigos, o cabelo como afirmação identitária e o reconhecimento como mulher negra. A convivencia coletiva na universidade e no grupo de jovens da periferia contribuiram com a socialização com os outros no conhecimento dos seus direitos e para um olhar mais atento para o futuro.