Tendo em vista o crescente número de cepas bacterianas resistentes aos antibióticos disponíveis clinicamente, têm se valorizado a busca por alternativas naturais, que sejam eficazes para o tratamento de enfermidades ocasionadas por tais agentes. Neste contexto, a A. cearensis, descrita e utilizada na medicina tradicional brasileira por apresentar grande potencial terapêutico anti-inflamatório, anticoagulante, vasodilatadora e antitrombótica, pode tornar-se uma fonte de estudo promissor neste ramo científico. Principalmente se a atividade antioxidante e baixa citotoxicidade também forem atribuídas a seus compostos, visto que a produção excessiva de radicais livres, proveniente do processo inflamatório e exposição celular a agentes tóxicos podem provocar efeitos deletérios. Deste modo, o atual projeto objetiva caracterizar a composição química e avaliar a atividade antibacteriana, antioxidante e citotóxica desta planta através de estudos in silico e in vitro. Como procedimentos metodológicos, o extrato bruto hidroetanólico foliar (EBH) foi fracionado utilizando os solventes acetato de etila (FAE) e hexano (FHX). Até o momento, as amostras foram identificadas por: Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) e UV-visível (UV-Vis). As atividades bacteriana, citotóxica e antioxidante foram determinadas, respectivamente, pela Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM), teste de MTT e DPPH. Como resultado, as amostras obtiveram rendimento de 11,12% para EBH, 2,66% para FAE e 0,42% para FHX em relação a massa desidratada. Sua composição química contém, majoritariamente, flavonoides cujo anel C é saturado. Mediante as cepas bacterianas testadas, ambas apresentaram baixa atividade antibacteriana (MIC, MBC ≥ 2000 μg/mL), exceto FHX contra Klebsiella pneumoniae (MIC: 1000 μg/mL). A atividade antioxidante foi moderada, com FAE destacando-se: IC₅₀ = 29.92 μg/mL. Na citotoxicidade, os extratos mostraram seletividade para células tumorais, especialmente EBH, que reduziu em 92,85% a viabilidade de HTC-116 (câncer colorretal humano). Fatores pelos quais evidenciam o potencial terapêutico de A. cearensis, reforçando sua aplicação como agente antioxidante e anticâncer, abrindo perspectivas para o desenvolvimento de protótipos de fármacos a partir de seus extratos, frações e/ou moléculas bioativas isoladas.