Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb., espécie pertencente à família Myrtaceae e popularmente conhecida como guabiraba ou guaribá, é atualmente reconhecida por seu uso etnobotânico na alimentação, incluindo o consumo in natura, além da produção de licores, doces e geleias. Esses usos tradicionais tornam a espécie uma candidata promissora para investigações voltadas à caracterização de seus constituintes químicos, bem como à avaliação de seu potencial fitoquímico e biológico. Nesse contexto, objetivou-se com o presente estudo realizar o perfil fitoquímico e investigar o potencial biológico dos extratos etanólico (EECA), metanólico (EMCA) e hexânico (EXCA), bem como de suas respectivas frações (FrEECA, FrEMCA e FrEXCA), obtidos a partir das folhas de C. aromatica. As folhas foram coletadas no município de Araioses, estado do Maranhão, Brasil. Foram conduzidas análises integradas, que incluíram: avaliação da atividade antioxidante pelo método do radical livre DPPH; quantificação de metabólitos secundários utilizando Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), e identificação detalhada de compostos presentes nas frações por meio da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS). Adicionalmente, os extratos foram submetidos a ensaios de atividade antibacteriana frente a cepas Gram-negativas (Escherichia coli, Salmonella enterica) e Gram-positiva (Staphylococcus aureus), além de testes citotoxicidade contra linhagens tumorais humanas: SNB-19 (astrocitoma), HCT-116 (carcinoma de cólon) e PC-3 (próstata). A quantificação de metabólitos revelou que o EECA apresentou os maiores teores de compostos fenólicos (128,48 mgEAG/g), flavonoides (47,80 mgEQ/g) e taninos (36,35 mgEC/g). A análise FTIR confirmou a presença de grupos funcionais característicos de fenóis, álcoois, ácidos carboxílicos e hidrocarbonetos. Nos ensaios antioxidantes utilizando DPPH, o EECA demonstrou a melhor atividade, com IC₅₀ de 94,80 μg/mL, seguido por EMCA (131,60 μg/mL) e EXCA (149,40 μg/mL). Os testes antibacterianos não evidenciaram dos extratos frente à cepa Gram-positiva e Gram-negativas. Quanto à atividade citotóxica, o EECA inibiu, em média, 87,25% da viabilidade celular da linhagem HCT-116, seguido por EMCA (77,84%) e EXCA (69,58%). Para a linhagem SNB-19, os percentuais de inibição foram de 72,62% (EECA), 61,41% (EMCA) e 55,39% (EXCA). Para a linhagem PC-3, a inibição foi de 81,27% (EECA), 69,44% (EMCA) e 63,26% (EXCA), evidenciando o potencial antitumoral, especialmente do extrato etanólico. A análise química das frações revelou a presença de diversos compostos bioativos em FrEECA, FrEMCA e FrEXCA, incluindo substâncias com reconhecida atividade biológica, como 5-hydroxy-7-methoxyflavanone (composto majoritário), γ-sitosterol, neofitadieno e ácido n-hexadecanoico. A fração etanólica (FrEECA) destacou-se por conter o maior número e proporção relativa de compostos bioativos. Entre os compostos comuns às três frações, o (-)-spathulenol foi identificado em 8,73% (FrEECA), 10,18% (FrEMCA) e 7,94% (FrEXCA). Os resultados obtidos indicam que Campomanesia aromatica é uma fonte promissora de compostos bioativos com propriedades antioxidantes e citotóxicas. Os dados também evidenciam que a escolha do solvente influencia diretamente o rendimento e o perfil químico dos extratos, sendo o etanólico o mais eficaz nas análises realizadas. Além disso, os achados reforçam a importância do isolamento e da caracterização estrutural dos compostos, bem como a condução de estudos in vitro e in vivo para a validação do potencial terapêutico desta espécie.