INTRODUÇÃO. O parto representa um marco singular na vida da mulher, carregado de significado pessoal e cultural. A qualidade da assistência ao parto está relacionada à integração entre cuidados clínicos e não clínicos, como suporte emocional, comunicação efetiva e respeito às preferências das mulheres. Dessa forma, a equipe deve garantir o atendimento equitativo, humanizado e baseado em evidências, assegurando a proteção dos direitos fundamentais das mulheres, recém-nascidos e famílias. OBJETIVOS. Avaliar a prevalência e fatores associados às boas práticas e às intervenções obstétricas durante assistência ao trabalho de parto e parto em Teresina, Piauí. MÉTODOS. Realizou-se estudo observacional, transversal e analítico nas maternidades públicas de Teresina. Foram avaliadas 24 recomendações da Organização Mundial da Saúde, sendo 11 classificadas como boas práticas e 13 como intervenções obstétricas. Considerou-se como desfecho o escore de Bologna, tendo como variáveis independentes dados sociodemográficos, comportamentais e obstétricos. Empregou-se o teste de qui-quadrado de Pearson/teste exato de Fisher e regressão logística múltipla, com cálculo de odds ratio ajustado (ORa) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). RESULTADOS. Foram entrevistadas 370 puérperas. Em relação às boas práticas, a maioria das mulheres relatou presença de acompanhante (97,3%), movimentação livre (92,7%), autonomia para escolher a posição do parto (82,2%) e contato pele a pele na primeira hora (96,5%). Por outro lado, métodos não farmacológicos para alívio da dor (56,5%), ingestão de líquidos e alimentos (63,8%), uso do partograma (65,9%) e técnicas de proteção perineal (22,2%) foram menos frequentes. Quanto às intervenções obstétricas, grande parte das puérperas não realizou tricotomia (98,6%), enema (98,6%), amniotomia precoce (92,4%), manobra de Kristeller (92,4%) e episiotomia sem necessidade (92,2%). Aspiração do recémnascido ocorreu em 25,9%, analgesia epidural (1,3%) e uso de opióides (5,1%) tiveram baixos percentuais. Quanto ao escore de Bologna, 38,7% das puérperas obtiveram valor 5, indicando assistência efetiva e adequada durante o trabalho de parto e parto. Houve maior chance de escore de Bologna 5 para aquelas que apresentaram intercorrências na gestação (ORa = 2,68; IC95% 1,60; 4,34) e menor chance em partos assistidos por profissional enfermeira(o) (ORa = 0,41; IC95% 0,24; 0,69). CONCLUSÕES. A assistência obstétrica apresentou avanços, sobretudo na incorporação de boas práticas preconizadas. Intercorrências durante a gestação e o tipo de profissional que acompanhou o parto foram associadas com a assistência adequada e fundamentada em evidências científicas.