O presente trabalho investiga algumas obras específicas da artista da performance cubana, Ana Mendieta (1948-1985), intituladas: Body Tracks (1974); Tree of Life (1976) e as da série Silueta (1973-1980), por meio de um viés feminista e decolonial. O objetivo é demonstrar a importância e a força criadora da arte performática de Ana Mendieta, apoiada no pensamento feminista decolonial de Gloria Anzaldúa e Françoise Vergès. O legado de Ana Mendieta para a história da arte, primordialmente quando se trata da arte contemporânea, merece ser ainda contemplado em pesquisas acadêmicas de cunho feminista e dos estudos de gênero, também no âmbito da filosofia e da estética. Ana Mendieta ousou e revolucionou com sua arte visceral a arte performática, o que permite tematizar as suas obras na filosofia da arte, sobretudo para as análises do feminismo decolonial. Dentro deste contexto, é importante ressaltar que a filosofia tradicional, devido à sua herança branca, europeia e colonial, preteriu as contribuições de mulheres, negros e indígenas, algo que esse trabalho visa questionar, valorizando a produção de uma artista cubana, a partir de uma construção teórica centrada em autoras decoloniais. Portanto, para fundamentar o feminismo decolonial, utilizamos as teóricas Françoise Vergès (1952- ) e Gloria Anzaldúa (1942-2004), nomes reconhecidos nos estudos e pesquisas nessa área. O trabalho será dividido do seguinte modo: na primeira parte apresentará algumas considerações sobre o conceito de feminismo civilizatório de Françoise Vergès; na segunda parte, versará acerca dos conceitos de fronteira e consciência mestiza de Gloria Anzaldúa; na terceira parte, abordará o surgimento e conceito da performance e analisará as obras de Ana Mendieta, com apoio no conceito de feminismo civilizatório de Françoise Vergès e nos conceitos de fronteira e consciêcia mestiza de Gloria Anzaldúa.