Para o autor Michel Foucault, o poder se apresenta nas relações sociais, sendo ele mesmo uma relação. Ao longo da história diferentes tecnologias sociais se apropriaram do corpo, este imerso num campo de relações de poder. A partir dos séculos XVII e XVIII o filósofo observa o aparecimento de um novo arranjo nas relações de poder no ocidente, um fenômeno político da apreensão do corpo como entidade biológica, sujeito aos fenômenos de população descritos na biologia. A partir daí uma série de tecnologias de controle do corpo passam a ser implementadas, visando majorar suas potências, aumentar sua utilidade e docilidade. Entretanto, com os desenvolvimentos recentes da biotecnologia, que se apropria do organismo como máquina (como na anátomo-política do biopoder), as tecnologias sociais de controle do biopoder parecem alcançar possibilidades de assenhorar-se do corpo em escala que Foucault não testemunhou. É necessária uma investigação que tome a biotecnologia nos termos do biopoder. Este projeto de dissertação, de caráter teórico, construído a partir de pesquisa bibliográfica, pretende tematizar a possibilidade de interpretar os eventos recentes do desenvolvimento da biotecnologia como um acirramento das tecnologias do biopoder, no sentido de representar um refinamento e aprofundamento de sua agência, expondo a escala dos processos biomoleculares do corpo aos mais diversos interesses políticos e econômicos. A partir deste acirramento, pretende-se refletir acerca das possibilidades e perigos de tal cenário de intervenção, levando a indagar as novas tecnologias sociais de controle ensejadas pelo desenvolvimento da tecnologia científica, especificamente da biotecnologia moderna