O ensino de Filosofia no Brasil segue o modelo da tradição de pensamento
ocidental e não tem considerado as ideias de mulheres filósofas. Não é de hoje que
a exclusão e o apagamento do pensamento das mulheres se fazem regra universal e
violenta; seus pensamentos estão ausentes quando se estuda e ensina filosofia. Este
estudo tem como objetivo fundamental compreender o silenciamento das vozes
femininas no ensino de filosofia, e o problema diz respeito aos porquês desse
processo. É um trabalho que segue os parâmetros bibliográficos, com abordagem
qualitativa e caráter interventiva. Ao mesmo tempo em que se analisa e interpreta
criticamente o problema, vai-se buscar encontrar o trabalho filosófico das mulheres
em diferentes períodos da tradição, perfurando os cânones clássicos e mapeando
presenças e ausências. Esse exercício de buscas vai ser realizado em relação à
tradição de modo geral, mas, também, e de modo mais específico, nos compêndios
que tratam sobre o ensino de filosofia no Brasil, para se descobrir por que nas escolas
os materiais didáticos e paradidáticos tornam importante apenas o pensamento de
filósofos homens. O suporte teórico é Hannah Arendt, os brasileiros Antônio Joaquim
Severino, Juliana Pacheco, e outros. Serão investigadas ainda duas obras recentes
que trazem uma História da Filosofia contemplando o pensamento feminino: Mulheres
Filósofas (Stromer, 2022); Enciclopédia Mulheres na Filosofia (Araújo, Leal, Frateschi,
2024). Durante o estudo vai se propor duas ações escolares que transgridam àquilo
que está posto historicamente, um índice (sumário) incluindo necessariamente os
nomes de pensadoras, este deverá tornar-se suporte para trabalhar diferentes
conteúdos de filosofia nas três séries do Ensino Médio. A segunda ação é organizar e
executar uma semana filosófica, com o tema “política é coisa de mulher”, explorando
o pensamento de Hannah Arendt, em relação ao tema e corroborando a tese de que
podemos ensinar conteúdos nas escolas da Educação Básica a partir de Filósofas.
Todo o estudo e as duas propostas têm a pretensão de afirmar, na prática de ensino
de filosofia, a potência das vozes femininas.