Esta pesquisa analisa a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a partir da teoria da ideologia de Terry Eagleton, demonstrando como o documento incorpora e naturaliza uma perspectiva empresarial na educação pública brasileira. O estudo identifica os mecanismos ideológicos presentes na BNCC, particularmente a reconfiguração do conceito de cidadania — transformado de exercício de direitos para performance de competências mercadológicas — e a incorporação de competências socioemocionais alinhadas às demandas do capitalismo flexível que é uma abordagem que combina elementos do capitalismo tradicional com práticas mais flexíveis e adaptáveis. A investigação revela como o lobby empresarial, articulado através de organizações como o Movimento pela Base Nacional Comum, influenciou decisivamente a elaboração do documento, utilizando estratégias sofisticadas que incluíram produção de conhecimento, institucional e formação de quadros técnicos. As consequências analisadas apontam para o aprofundamento das desigualdades educacionais, a precarização do trabalho docente e o esvaziamento da formação humana integral que refere-se ao desenvolvimento completo do indivíduo, abrangendo os aspectos cognitivos, emocionais, socais e éticos em favor de em favor de uma educação instrumental que se concentra em preparar os alunos para o mercado de trabalho, enfatizando práticas e técnicas. Conclui-se que a BNCC representa a materialização de um projeto hegemônico empresarial para a educação, mas que encontra resistências significativas por parte de educadores, pesquisadores e movimentos sociais defensores da educação pública como direito social.