RESUMO
Este estudo tem como objeto de pesquisa o uso do gênero documentário nas aulas de Filosofia no Ensino Médio. Seu objetivo central é promover metodologias que possam contribuir para a contextualização do ensino de conceitos filosóficos, mas que impulsionem o discente a uma atitude ativa, de conversação, diálogo, indagação, logo, estimule o desenvolvimento de seu pensamento crítico, reflexivo. Dessa forma, reconhece que a prática docente voltada exclusivamente para o ensino tradicional, teórico, centrada na reprodução de conteúdos, não colabora para o ensino-aprendizagem de sentido, de significado, capaz de tornar o discente mais participativo, pelo contrário, produz aprendizagem mecânica. Defende, portanto, que a preocupação maior do docente seja fornecer ao aluno subsídios para o seu desenvolvimento intelectual, motivá-lo à atividade filosófica de análise, argumentação, investigação, descoberta e, ao mesmo tempo, oferecer a ele autonomia para elaborar suas próprias ideias. Com base nisso, apresenta a narrativa do documentário como meio adequado e eficiente para propiciar a contextualização do ensino de Filosofia e, também, como poderoso instrumento para a expansão do pensamento do discente e, desse modo, auxiliar em seu próprio processo de filosofar, pois, conforme concebe Rorty (2007), as narrativas, seja do gênero documentário, romance, o livro de história em quadrinhos, a reportagem jornalística têm, efetivamente, mais força para sensibilizar, provocar a atenção e o interesse das pessoas do que a teoria. Com isso, os temas de Filosofia, as obras e os textos filosóficos, dos filósofos clássicos da antiguidade aos contemporâneos, assim como textos não filosóficos, compreendidos aqui como músicas, poemas, poesias, textos jornalísticos, quando articulados à linguagem de um documentário pertinente, são capazes de produzir um ensino de Filosofia contextualizado e inspirador. É também, intenção deste trabalho, demonstrar a importância da aquisição do conhecimento filosófico com autonomia e para exercer a liberdade, provocar mudanças, esta é a utilidade prática da Filosofia, buscar sempre transformar a sociedade, com o propósito de torná-la melhor e emancipada. Esses argumentos convergem, essencialmente, com a visão de Rorty sobre o papel da Filosofia, mas, também, com filósofos contemplados nesta pesquisa que propõem a aprendizagem com mais autonomia, maior protagonismo do discente, como forma de construir conhecimento por meio da descoberta, por conseguinte, mais significativo e mais emancipatório.