O presente trabalho visa propor uma reflexão sobre o uso dos seriados televisivos como estratégia de intervenção no ensino de filosofia do ensino médio. Embora a questão do ensino de filosofia não seja concebida como uma das questões fundamentais do processo histórico e tradicional da Filosofia, o exercício filosófico na sala de aula não pode ser negligenciado, como apontam Kohan (2004) e Ghedin (2009). A filosofia enquanto disciplina pode ampliar a atuação do indivíduo dentro e fora do universo escolar de diferentes maneiras: buscar a compreensão da realidade, repensar os valores e ensinar aspectos cruciais da evolução do pensamento humano. A problemática levantada pelo nosso estudo encontra apoio nas reflexões de Gallo (2012), Rodrigo (2009) e outros comentadores que defendem que o ensino de filosofia necessita dispor também de eventuais recursos não-filosóficos para tornar mais acessível para os estudantes a aprendizagem de temas filosóficos. Nosso estudo evidencia, principalmente, que a aula de filosofia no ensino médio, deve ser encarada, como propõem Rorty (2007), Ghiraldelli Jr. (1999) como uma forma de ampliação da imaginação e do estímulo ao livre pensar para, consequentemente, criar uma sensibilidade frente aos dramas humanos que, inicialmente, são considerados estranhos. Tal estímulo dado aos alunos para a prática do livre pensar deve ser feita no intuito de relacionar temáticas de sua convivência diária, possibilitando uma atmosfera que os aproxime das obras e pensamentos de autores filosóficos diversos. A proposta de elaboração de unidades didáticas para mediante o uso de seriados na aula de filosofia é baseada na filosofia neopragmatista de Rorty (2002; 2007) que defende o uso de diversos gêneros de narrativa, dentre os quais os filmes e os programas televisivos, como formas de ampliação de nossa imaginação e, consequentemente, da nossa sensibilidade frente aos dramas humanos que, inicialmente, são considerados estranhos. A partir de sua perspectiva, enfatizamos que o uso do seriado pode ser concebido como um recurso eficaz para o ensino de filosofia, visto que além de ser uma abordagem temática interessante e criativa para a prática filosófica na sala de aula, também pode atuar como elemento conectivo entre a realidade discente e o conteúdo teórico, conceitual e metodológico da disciplina de Filosofia.