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Banca de QUALIFICAÇÃO: CLAUDIANA PINHEIRO DA SILVA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CLAUDIANA PINHEIRO DA SILVA
DATA: 16/01/2024
HORA: 08:30
LOCAL: Online/Remoto - Google Meet
TÍTULO: CULTURA ORGANIZACIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR E TRABALHO EMOCIONAL: UM ESTUDO SOBRE AS EXPRESSÕES AFETIVAS ENTRE DOCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS
PALAVRAS-CHAVES: Trabalho Emocional; Cultura Organizacional; Professores; Escola.
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Introdução:O trabalho é uma das principais dimensões da existência humana, possuindo a capacidade de constituir a identidade dos indivíduos e estimular sentimentos de pertença a um grupo ou sociedade (Lourenço, Ferreira & Brito, 2013; Peres, 2016). A medida em que o trabalho foi se adequando às exigências do modo de produção capitalista a concepção em torno do trabalho do professor também passou por alterações nos seus formatos e condições (Carvalho & Wonsik, 2015). Historicamente fundamental para o desenvolvimento das sociedades e formação da população esta profissão é marcada tanto por intensas trocas relacionais e afetivas entre os atores escolares como também por modos singulares de agir, pensar e sentir enquanto uma organização. Pode-se considerar que as emoções permeiam a educação e as instituições de ensino, uma vez que o trabalho docente caracteriza-se como atividade essencialmente relacional, com trocas intensas entre professores, alunos, familiares, colegas e demais componentes do âmbito escolar, o que possibilita a existência de demandas emocionais (Freire, Bahia, Estrela & Amaral, 2011). Para a compreensão das emoções relacionadas às organizações de trabalho, a socióloga Hochchild (1983) postulou a expressão emotional labor, ou Trabalho Emocional, que se trata do esforço dos trabalhadores em expressar emoções e sentimentos contrários a sua espontaneidade, com a finalidade de contemplar normas, metas e expectativas organizacionais Apesar das emoções relacionarem-se com aspectos individuais, a forma como as pessoas expressam suas vivências afetivas estarão norteadas pelas normas culturais do seu grupo social (Spurlock & Magistro, 1994), não sendo diferente no âmbito das organizações, em que a cultura organizacional através das normas, crenças e valores indicam comportamentos esperados dos trabalhadores, influenciando nas suas ações, pensamentos e sentimentos (Schein, 1992). Schein (2010) define cultura organizacional enquanto um conjunto de pressupostos que o grupo utiliza para lidar com problemas de adaptação externa ou integração interna, que quando atingem níveis satisfatórios são passados para novos membros do grupo organizacional. O autor propõe três níveis para compreender a cultura organizacional: a) nível de artefatos; b) nível de valores compartilhados; e por fim, c) nível de pressupostos básicos, compondo elementos da cultura organizacional que surgem dentro de cada organização de forma específica. Desse modo, justifica-se compreender os elementos da cultura organizacional e as expressões emocionais na escola, enquanto um direcionamento para acessar as formas de estruturação, de comportamentos e sentimentos que envolve os professores, que são fundamentais para o funcionamento desse tipo de organização. Fundamentação Teórica. Enxergar a profissão docente enquanto parte da classe trabalhadora e sua função, até o momento em que é possível conceituar hoje, remete à necessidade de conhecer sua formação e transformação, que assim como a própria concepção de trabalho, acompanham o movimento da história e da sociedade (Stockmann, 2018; Rocha & Hypolito, 2020). As mudanças da função docente ao longo do tempo remete a uma série de lutas, conquistas e reformas na área educacional. A escola é o espaço em que o professor executa seu trabalho, que funciona enquanto uma organização, focada em metas e produtividade na qual uma diversidade de atores interagem entre si, portanto, o professor trabalha com e sobre os seres humanos, sendo influenciado pelas diversas coletividades (Krahe, Tarouco & Konrath, 2006). As concepções de trabalho se alteraram ao longo do tempo, assim como a forma de atuação e concepção do trabalho docente acompanhou tais mudanças, passando a ocupar um espaço singular no mundo do trabalho, com características próprias que são reforçadas pelas normas e valores que envolvem a cultura organizacional. Partindo do conceito de cultura, que recentemente passou de uma perspectiva funcionalista para uma perspectiva estruturalista, em que foram ressaltados componentes simbólicos e cognitivos, contribuindo para a percepção das pessoas nas formas de sentir e agir, por meio de processos mentais, resultantes significados e símbolos partilhados (Ribeiro, 2006). Sendo assim, investigar em torno da cultura organizacional consiste em analisar as relações simbólicas de cada pessoa para com o seu trabalho e a organização reciprocamente (Godoy & Peçanha, 2009). Schein (1984), apresenta três níveis de cultura organizacional: Nível Artefatual: que inclui elementos visíveis e tangíveis da organização, como a arquitetura, a vestimenta e a linguagem utilizada. Nível de Valores Compartilhados: que diz respeito aos valores, crenças e expectativas que orientam o comportamento dos os membros da organização e são partilhados entre eles. Nível de Pressupostos Básicos: refere-se às suposições fundamentais e inconscientes que não são questionados ou discutidos e que direcionam as ações dos membros da organização. Para que uma cultura seja compreendida é necessário averiguar os valores grupais manifestados através de comportamentos, o que indica ser necessário pesquisar os pressupostos básicos que normalmente são inconscientes, mas que na maioria da vezes revelam e determinam como um grupo percebe, pensa e sente (Schein, 1984). Vale salientar que a escola é uma organização “viva”, envolta por relações e existências próprias, pois cada escola possui sua própria constituição cultural expressada por meio de seus membros, como os professores, que constituem o movimento e manutenção deste tipo de organização. Além do mais, o contexto ocupacional docente é envolto por trocas relacionais entre indivíduos, possibilitando expressões de afetividade diversificadas de acordo com o que é possível sentir e demonstrar no ambiente de trabalho. Considerando isto, Oliveira (2012) afirma que todo trabalho é essencialmente constituído por uma dimensão emocional, pois nenhum ser humano consegue isolar completamente as emoções enquanto exerce suas funções. Devido a importância das emoções na qualidade das interações humanas, torna-se relevante estudar a maneira como as emoções são interpretadas e interferem na qualidade dos relacionamentos estabelecidos socialmente, principalmente no ambiente de trabalho (Gondim et.al, 2010). Hochschild (1983) utilizou do termo trabalho emocional para indicar o esforço dos trabalhadores em regular suas emoções no contexto organizacional, com o objetivo de administrar o momento, a intensidade e o tipo de expressão durante a realização da atividade laboral. De modo semelhante, Morais, Gondim e Palma (2020) afirmam que o trabalho emocional envolve um processo de autorregulação decorrente de eventos emocionais e regras de exibição relacionadas ao trabalho, exigindo esforço e investimento do trabalhador. O interesse por estudos dos fenômenos de cultura organizacional e de afetividade no trabalho dos professores e escolas é proposto diante da relevância da área educacional, em especial no que se refere ao contexto da educação pública, além da importância de constituir o âmbito escolar enquanto uma organização que possui objetivos e metas envolvendo os trabalhadores que a compõem. Objetivos: Geral: Compreender as demandas afetivas emergentes do Trabalho Emocional vivenciadas na atuação de professores no contexto da cultura organizacional de escolas públicas de Ensino Fundamental. Específicos: Conhecer e descrever os espaços e as características do trabalho desenvolvido pelos professores estudados; Salientar os artefatos, normas, valores e pressupostos básicos presentes enquanto elementos da cultura organizacional das escolas estudadas; Identificar demandas de trabalho emocional nas relações afetivas nas relações interpessoais existentes no âmbito escolar; Conhecer formas de regulação das emoções na realização e manutenção das atividades laborais. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, que utilizará de um Estudo de Caso de duas instituições escolares de Ensino público de nível Fundamental. Inicialmente, as escolas foram visitadas para esclarecimento da pesquisa e assinatura da Autorização Institucional, ao afirmarem o desejo de participação, este e demais documentos necessários foram submetidos ao Comitê de Ética - no momento aguardando parecer e aprovação. Após a aprovação e início da coleta de dados, independentemente da situação, durante a abordagem os participantes terão acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE, em que constará o objetivo da pesquisa e o uso dos dados coletados, a garantia de sigilo das informações pessoais e a possibilidade de desistência a qualquer momento ao longo da participação. Pretende-se realizar uma caracterização das escolas, colhendo informações de documentos oficiais de domínio público, buscando os seguintes dados: características do espaço estrutural, séries de ensino, quantidade de alunos e professores, gestores e demais funcionários. Ademais, será apresentado aos participantes um questionário sociodemográfico e discorrido junto aos mesmos um roteiro de entrevista semiestruturada, com perguntas pré-estabelecidas e planejadas de acordo com os objetivos propostos. Participarão professores que possuem pelo menos 1 ano de atuação nestas instituições, não incluindo professores estagiários, auxiliares e professores que não lecionam em salas de aula efetivamente pelo período previamente estabelecido. As respostas das entrevistas serão analisadas seguindo critérios da Análise de Conteúdo propostos por Bardin (2016). Encaminhamentos para os resultados. Estima-se poder contribuir para o campo de estudo da Psicologia, Psicologia Organizacional do Trabalho e o campo da Educação, visto que trata de elementos e temas de interesse destas áreas de pesquisa, o que possibilitará novas perspectivas e aprofundamento de teorias relacionadas ao tema proposto. Além disto, espera-se acessar através das respostas dos participantes do estudo, os elementos propostos como foco, que podem tornar-se ponto de partida para novos olhares de valorização e cuidados com o bem-estar, saúde e qualidade de vida pessoal e em grupos de professores de escolas públicas.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2441003 - RAQUEL PEREIRA BELO
Interno - 876.309.823-72 - FAUSTON NEGREIROS - UnB
Externo à Instituição - JOSEVÂNIA DA SILVA - UEPB
Notícia cadastrada em: 10/01/2024 10:19
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | © UFRN | sigjb03.ufpi.br.sigaa 01/05/2024 01:50