O controle de fitonematoides do gênero Pratylenchus representa um dos maiores desafios para a produção agrícola sustentável, especialmente em culturas estratégicas como milho, feijão-fava e cana-de-açúcar. O uso de microrganismos como agentes de biocontrole tem emergido como uma alternativa promissora ao manejo químico, por sua capacidade de suprimir patógenos e promover a saúde do solo sem comprometer a microbiota nativa. Esta tese investigou o potencial de diferentes microrganismos benéficos no controle de Pratylenchus spp. em sistemas agrícolas tropicais, com ênfase nos efeitos sobre o crescimento vegetal, nodulação e estrutura da comunidade bacteriana do solo. No Capítulo I, conduzido sob condições de campo, avaliou-se a eficácia da cepa AP-3 de Bacillus subtilis na supressão de Pratylenchus spp. em milho e feijão-fava. A inoculação reduziu significativamente a população de nematoides nas raízes (~90% em milho e ~40% em feijão), além de estimular o crescimento radicular e aumentar os atributos de nodulação no feijão-fava, especialmente quando aplicado sem fertilizantes químicos. Esses resultados indicam que B. subtilis atua tanto pelo controle direto dos nematoides quanto pela promoção do crescimento vegetal. O Capítulo II avaliou, em casa de vegetação, o desempenho de cinco formulações microbianas (incluindo agentes como B. subtilis, B. amyloliquefaciens, B. lichenformis Pseudomonas oryzihabitans e Purpureocillium lilacinum) no controle de P. zeae na cana-de-açúcar. Os resultados mostraram que P. oryzihabitans foi o tratamento mais eficaz, promovendo reduções de até 81% na densidade de nematoides nas raízes e 64% no solo, além de aumentar a atividade de enzimas do solo (fosfatase, urease e β-glucosidase) e a biomassa microbiana. A análise da microbiota via sequenciamento do gene 16S rRNA revelou que as inoculações mantiveram a estrutura da comunidade bacteriana, embora P. oryzihabitans tenha promovido maior riqueza e diversidade microbiana. Em contrapartida, coinoculações reduziram a diversidade e apresentaram menor eficiência no controle de P. zeae, sugerindo competição entre os microrganismos. Os resultados reforçam o uso de microrganismos como estratégia sustentável para o manejo de nematoides, combinando controle biológico eficaz, estímulo ao desenvolvimento vegetal e manutenção da saúde microbiológica do solo.