Hidrogéis são materiais poliméricos versáteis, caracterizados por sua não toxicidade, elevada capacidade de intumescimento e habilidade de reter grandes quantidades de água ou fluidos biológicos sem se dissolverem. Essas propriedades têm despertado crescente interesse científico, uma vez que permitem sua aplicação em áreas como liberação controlada de fármacos, engenharia de tecidos, biossensores, tratamento de águas residuais e agricultura. Podem ser formulados a partir de polissacarídeos, dentre as quais destaca-se a goma do cajueiro, obtida a partir do exsudato purificado de Anacardium occidentale L., espécie amplamente encontrada no Nordeste do Brasil. Esse biopolímero pode ser quimicamente modificado para aprimorar suas propriedades e favorecer interação com matrizes inorgânicas, como a hidroxiapatita, resultando em compósitos mais estáveis e funcionais. A hidroxiapatita, um fosfato de cálcio biocompatível, estável e de baixa solubilidade em água, apresenta aplicações relevantes na adsorção de corantes em meios aquáticos, na liberação de macronutrientes no solo, contribuindo para o desenvolvimento vegetal, e na regeneração de tecidos ósseos. Além disso, sua superfície pode ser funcionalizada por silanização, estratégia que aumenta a afinidade com matrizes poliméricas e possibilita a obtenção de materiais híbridos mais eficientes. Logo, a utilização de hidrogéis formulados a partir de matérias-primas renováveis, como a goma do cajueiro, associadas a materiais inorgânicos funcionalizados, amplia de forma significativa o potencial desses hidrogéis para aplicações avançadas na remoção de poluentes orgânicos, na engenharia tecidual e na agricultura.