A pesquisa tem como intento dissertar, através da etnografia sobre as relações de poder que são estabelecidas dentro da dinâmica social (interações, relações e mudanças), as vivências e apropriações travadas pelos camelôs de um determinado espaço urbano da cidade de Caxias-MA, o Calçadão Afonso Cunha, que passou por modificações físicas. Ou seja, o poder público, nos seus próprios termos, “revitalizou” esse espaço e com isso houve a necessidade de realocar os camelôs e assim gerar um trabalho “mais digno”. Através de observação participante e entrevistas busca-se compreender essa configuração central da cidade, evidenciando outras lógicas e realidades dos próprios camelôs. Palavras como “melhorias”, “progressos” e “dar vida” geralmente são utilizadas para reforçar uma validação de visões que partem de interesses financeiros relacionados a empreendimentos e projetos urbanísticos. Mas “melhorias”, “progressos” e “dar vida” para quem? A pesquisa problematiza discursos do próprio poder público a partir de diferentes visões e práticas cotidianas dos camelôs, através da voz daqueles que vivenciam uma cotidianidade no centro da cidade, tanto fisicamente, quanto simbolicamente, sendo modificados por ela e a modificando. A antropologia como ciência direcionadora desta pesquisa mostrou diferentes relações permeadas por poder, interesses, resistências e lógicas particulares.