Esta dissertação de mestrado foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) da Universidade Federal do Piauí (UFPI e tem como objetivo analisar de que maneira a comunidade universitária da UFPI compreende e enuncia as violências de gênero e contra as mulheres (SAFFIOTI, 2015) vivenciadas cotidianamente no âmbito da instituição. Tomamos como ponto de partida o feminicídio de Janaína da Silva Bezerra e as ações empreendidas pelo Grupo de Trabalho Política de Prevenção e Protocolo de Enfrentamento das Violências de Gênero no Âmbito da Universidade Federal do Piauí, instituído em resposta a esse crime. A pergunta de pesquisa que orienta este estudo é: de que forma o GT, criado a partir do feminicídio de Janaína Bezerra e instituído pelo Ato da Reitoria nº 156/2023, evidenciou os limites institucionais no enfrentamento das violências de gênero e contribuiu para a promoção de uma justiça interseccional na universidade? As escolhas metodológicas que fundamentaram o trabalho incluem a observação participante junto às atividades do GT, a análise documental de materiais institucionais produzidos pelo GT, levantamento bibliográfico em torno das temáticas de gênero, violência e feminicídio em IES brasileiras, análise das respostas do formulário aplicado pela equipe do GT. Esta dissertação busca conferir visibilidade às múltiplas formas de violência enfrentadas por mulheres no contexto universitário, com ênfase na Universidade Federal do Piauí, evidenciando que tais experiências não constituem casos isolados, mas integram uma lógica estrutural profundamente enraizada nas relações de poder que atravessam a instituição. Ao destacar essas dinâmicas, o trabalho aponta para a urgência de transformações institucionais que enfrentem de modo efetivo as desigualdades de gênero, raça e classe no ensino superior público.