Esta tese evidencia o estudo de (re)contos da tradição oral africana lidos emvoz alta e em mediação performática, por esta pesquisadora, com um grupo de graduandas do curso de Letras Português da Universidade Federal do Piauí/UFPI, como prática literária intercultural. Pressupõem-se que os (re)contos da tradição oral africana, assim narrados, possibilitem o incentivo da produção de imagens internas, pelas graduandas, que por sua vez contribuem para a formação de leitoras/ futuras mediadoras de práticas literárias interculturais. Numa mediação performática são associados ao texto narrado elementos do próprio corpo como as modulações da voz, gestos e expressões faciais e elementos externos como a música, a dança, a roda, o toque de um instrumento, um ruído, o uso de adereços simbólicos, dentre outros, que se juntam ao espaço-tempo-literário para criar uma ambiência performática, no antesdurante- depois da leitura. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo geral investigar, com um grupo de graduandas, se a narração de (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática, incentiva a produção de imagens internas, levando-se em conta a subjetividade, o corpo e a arte, como prática literária intercultural. Como objetivos específicos a pesquisa se propõe a: oportunizar a graduandas a vivência/experiência/produção de práticas literárias interculturais e transdisciplinares com a narração de (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática; exercitar a imaginação criativa de graduandas a partir da escuta de (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática, como prática literária intercultural; analisar/visibilizar a recepção de graduandas, através da produção de imagens internas, a partir da escuta de (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática, como prática literária intercultural. A pesquisa é fundamentada, principalmente, nos estudos de oralidade, performance, contação de histórias, experiência e presença do corpo, estando inserida na perspectiva epistêmica decolonial, em autores como: Hampâté Bâ (2010); Ong (1998); Zumthor (1997; 2000); Cohen (2002); Larrosa (2004; 2015); Busatto (2003; 2006); Machado (2004); Matos (2005; 2009); Costa Lima (2014); Derive (2015); Gauthier (2001;2012); Gumbrecht (2010); Diniz (2016); Santaella (2005), Spritzer (2020); Martins (2021), dentre outros. A metodologia da pesquisa é do tipo pesquisa-ação, com abordagem qualitativa e a realização de oficinas teórico-metodológicas de narração dos (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática, no Laboratório de Narração, com um grupo de 10 graduandas atravessadas literalmente e/ou corporalmente pela temática da pesquisa , selecionadas através de conversa prévia, seguida de adesão espontânea a proposta. Os resultados revelaram que a prática literária experienciada contribuiu para uma proliferação de imagens internas nas graduandas entre imagens reflexivas e imagens afetivas, em que as sensações e emoções se manifestaram em estado poético , provenientes da escuta dos (re)contos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática. Sendo assim, a prática literária se destaca como uma das inúmeras possibilidades de trabalhar a cultura africana, contempladas pela Lei 10639/03, através da literatura.