A pesquisa em curso analisa como se dá a refratação da decadência moral e ascética na obra Crônica da casa assassinada pelo espaço ficcional. Onde se observa que o autor pretere uma abordagem metafórica, menos abstrata portanto, e lança mão de uma composição estética que explora o segmento material e orgânico de espaços e corpos, fazendo com que as estratégias de poder e de controle que se encontram em crise se tornem não somente visíveis, mas também tangíveis através do espaço ficcional. A fim de mapear essas experiências residuais denunciadas pelo espaço, empreende-se pelo método de Paradigma Indiciário, de Carlo Ginzburg, em uma cartografia literária que revela no plano estético a axiologia de um espaço produzido para a manutenção de controle social e de imaginários por meio de seus sintomas. Para tanto, a compreensão de que o espaço em seu segmento material apenas realça a corrupção generalizada de outros segmentos espaciais como o social, político e psicológico exige teorias que contemplem relações sociais e de poder e que perpassam o espaço, segundo Lefebvre, Foucault e Costa Lima, precedendo as abordagens materiais de colorimetria e desempenho dos gradientes sensoriais, que, afinal, levam ao plano denotativo aqueles espaços abstratos.