INTRODUÇÃO: As doenças inflamatórias intestinais são uma condição imunomediada crônica que
resultam em danos induzidos por inflamação no tecido gastroentérico intestinal e incluem dois
fenótipos principais, a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Na retocolite ulcerativa, fatores
genéticos e ambientais, dieta, alterações na barreira epitelial intestinal, e resposta imune anormal
na mucosa, ativam uma cascata imunoinflamatória no intestino. Com relação a dieta, sua
importância tem se tornado ainda mais evidente quando se considera que a desnutrição, incluindo
a de micronutrientes como o selênio, tem sido associada a fisiopatologia da retocolite ulcerativa.
OBJETIVO: Diante do exposto, a pesquisa objetivou analisar a relação entre o consumo alimentar
de Selênio e as concentrações plasmáticas e eritrocitárias encontradas em pacientes com
retocolite ulcerativa (RCU) e estabelecer correlações com marcadores inflamatórios e clínicos da
doença. METODOLOGIA: Tratou-se de estudo observacional, transversal realizado em pacientes
com retocolite ulcerativa (grupo caso) e indivíduo sem a doença (grupo controle), de ambos os
sexos, com idade entre 18 e 59 anos. Foram coletados dados clínicos e antropométricos,
informações do consumo alimentar, assim como avaliação de marcadores inflamatórios e
quantificação do selênio plasmático e eritrocitário. RESULTADOS: A pesquisa foi realizada com 45
participantes, sendo 26 no grupo retocolite e 19 pessoas saudáveis que constituíram o grupo
controle. As análises mostraram os seguintes dados para o grupo retocolite: Indice de massa
corporal médio de 24,91, necessidade energética estimada média de 2326,21 e angulo de fase
médio de 6,11. A avaliação da atividade clínica da doença, mostrou que 76,92% estavam em
remissão, 15,38% em atividade leve e 7,69% apresentaram atividade moderada. A análise do
consumo alimentar mostrou percentual de adequação de 70,34% para kcal, 52,02 % para
carboidratos, 94,33% para proteínas, 145,56% para lipídios, 53,80% para fibras e 143,08% para
selênio. A Velocidade de Hemossedimentação média foi de 17,84 mm/h. A avaliação da proteína C
reativa mostrou que 11,1% dos pacientes apresentaram reatividade para o marcador e 46,7%
foram não reagentes. A análise de selênio plasmático mostrou valor médio de 68,74 μg/dL. Quanto
ao Se eritrocitário foi observado valor médio de 0,31 μg/g hb. Os coeficientes de Pearson revelaram
correlações significativas (p < 0,05) entre selênio dietético e os marcadores inflamatórios
Velocidade de Hemossedimentação (r = 0,537) e PCR (r = 0,317), bem como forte correlação
positiva entre selênio plasmático e eritrocitário (r = 0,818). CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo
com os resultados observados, os pacientes com RCU apresentaram consumo alimentar
inadequado, com baixa ingestão de calorias, carboidratos e fibras, alta ingestão de lipídios, porém,
adequado para proteínas. Esse perfil alimentar não gerou comprometimento na adequada
ingestão alimentar de Se e nas concentrações eritrocitárias do mineral, nem no IMC, sem nenhum
indivíduo classificado com desnutrição, considerando peso e altura. O valor do AF também não
apresentou inadequação. Em relação aos marcadores inflamatórios, o estudo demonstrou
predominância de remissão clínica, evidenciada pelo score de mayo e dos baixos valores de VHS e
PCR, além de correlação entre estes biomarcadores e o Se dietético, evidenciando seu papel na
resposta imune.