BIOACESSIBILIDADE E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS POLIFENÓIS NATURALMENTE PRESENTES NO JUÁ (Ziziphus joazeiro M.)
Ziziphus joazeiro M., polifenóis, atividade antioxidante e bioacessibilidade.
Frutos são tradicionalmente conhecidos como fontes de compostos bioativos, especialmente os polifenois que atuam como antioxidantes. Atualmente além da quantificação desses compostos nos alimentos, sua bioacessibilidade tem sido bastante investigada. O objetivo dessa pesquisa foi estudar o juá (Ziziphus joazeiro M.), fruto típico da caatinga nordestina, por meio da sua caracterização nutricional e possível toxicidade, a bioacessibilidade dos polifenóis e identificação dos compostos fenólicos. Para determinação da composição centesimal foram utilizadas metodologias oficiais; os compostos bioativos (polifenóis,carotenóides, flavonóides e antocianinas) foram determinados por espectrofotometria; o ácido ascórbico foi determinado pelo método de Tillmans, a atividade antioxiante in vitro foi realizada utilizando os ensaios TEAC-ABTS e ORAC. A bioacessibilidade dos compostos fenólicos por meio de uma simulação de digestão in vitro e a identificação dos polifenóis utilizando-se cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). O teste de toxicidade foi realizado utilizando o bioensaio com Artemia Salina. Os resultados indicam que a polpa do juá apresentou um bom conteúdo de carboidratos (19,95%), um baixo teor de proteínas (0,86%) e não apresentou lipídeos. Em relação à quantificação dos compostos bioativos o fruto pode ser considerado fonte de compostos antioxidantes, pois apresentou alto teor de flavonóides e ácido ascórbico. O método de extração de polifenóis utilizando os solventes água e etanol foram mais eficientes quando se empregou ondas ultrassônicas. Os extratos aquoso (405,8 ± 6,01mg/100mg) e etanólico (394,9 ± 24,401mg/100mg) obtiveram um maior teor de polifenóis pelo método de ultrassom, a atividade antioxidante pelo método TEAC ABTS foi maior para os extratos aquoso (17,3 ± 1,91 mM de trolox/ g e 15,1 ± 1,09 mM de trolox/ g), na agitação contínua e pelo ultrassom, o extrato etanólico também obteve bons resultados pelos dois métodos agitação e ultrassom, respectivamente (8,1 ±1,63 mM de trolox/ g e 8,4 ± 0,59 mM de trolox/ g), para o método ORAC o potencial antioxidante foi maior nos extratos aquoso (23,60 ± 1,08 µMol de trolox/g) e etanólico (35,29±4,10 µMol de trolox/g) quando se utilizou o ultrassom. Os compostos fenólicos do juá se mostraram bioacessíveis, apresentando uma liberação desses compostos da matriz alimentar pela ação das enzimas digestivas e da microbiota intestinal, resultando num aumento significativo no teor de polifenóis nos extratos digeridos da fase 1 (446,5 ± 7,20 mg/100g). Houve também um aumento na atividade antioxidante após a fase 1 da digestão nos métodos TEAC ABTS e ORAC, 19,39±1,71 mM trolox/g e 103,64±6,34 µM trolox/g, respectivamente. Foram identificados o ácido gálico, catequina, quercetina, epicatequina, ácido p-cumárico, ácido sináptico e ácido elágico. No extrato aquoso e no extrato etanólico os compostos majoritários foram o ácido elágico, o ácido gálico e a epicatequina. No extrato acetônico além do ácido elágico, ácido gálico e epicatequina, destacou-se também a catequina; a digestão in vitro mostrou diferentes efeitos sobre a liberação dos polifenóis, da matriz alimentar, pois para alguns polifenóis houve um aumento da sua liberação com a digestão, como no caso do ácido gálico, epicatequina e quercetina, enquanto para outros polifenóis a digestão levou a sua degradação, como no caso da catequina, ácido p-cumárico, ácido sináptico e ácido elágico; em relação à toxicidade o juá não é considerado tóxico de acordo com o bioensaio com Artemia Salina.