Hipoalbuminemia, estado nutricional, atividade superóxido dismutase e peroxidação lipídica em doentes renais em programa de hemodinálise.
Albumina. Bioimpedância elétrica. Desnutrição. Estresse oxidativo. Hemodiálise.
INTRODUÇÃO: A doença renal crônica constitui-se em importante problema de saúde pública no Brasil, e têm sido referida associação entre presença de baixos níveis séricos de albumina (ALB) ou de desnutrição com morbimortalidade aumentada em doentes em tratamento dialítico. Também tem sido evidenciado que algumas manifestações clínicas da doença renal podem ser decorrentes do aumento da produção de espécies reativas de oxigênio. OBJETIVO: Avaliar a relação entre a hipoalbuminemia e desnutrição, atividade da superóxido dismutase, peroxidação lipídica e variáveis da BIA em doentes renais crônicos em programa regular de HD, atendidos em clínica de referência de Teresina/PI. MÉTODOS: Estudo analítico do tipo caso-controle envolvendo 64 indivíduos com idade entre 18 a 59 anos, de ambos os sexos, em hemodiálise regular. Foram definidos como casos (n=26) doentes com hipoalbuminemia (ALB <3,5 g/dL), e como controle (n=38) aqueles com ALB ≥3,5 g/dL, pareados por idade, peso corporal, estatura, índice de massa corpórea (IMC) e índice de qualidade da diálise (Kt/V). O estado nutricional foi avaliado com base na circunferência do braço (CB), prega cutânea tricipital (PCT), circunferência muscular do braço (CMB), IMC, circunferência da cintura (CC) e, por bioimpedância elétrica (BIA), o percentual de gordura (%G), ângulo de fase (AF) e a massa celular corporal (MCC). As variáveis bioquímicas (albumina, creatinina, uréia pré e pós-diálise) e hematológicas (hemoglobina e hematócrito) analisadas foram coletadas do banco de dados da clínica que as determina rotineiramente. A concentração plasmática de malondialdeído (MDA) foi determinada pela medida da produção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico. A atividade da superóxido dismutase (SOD) foi determinada pela quantidade de enzima capaz de inibir em 50% a formação de nitrito. Óxido nítrico (NO) foi quantificado pela concentração de nitrito nos eritrócitos pelo método colorimétrico de Gries. O consumo alimentar de energia, macronutrientes e antioxidantes foi avaliado por meio de inquérito alimentar com questionário recordatório de 24 h em três dias. RESULTADOS: Valores médios de albumina (g/dL) nos grupos caso e controle foram, respectivamente, 3,33±0,16 e 3,74±0,14 (p<0,05). As médias de PCT, %G, hemoglobina, hematócrito, consumo de proteínas (g/dia e g/Kg/dia), ingestão de cobre, resistência, reatância e a relação resistência/estatura foram significativamente menores nos doentes com hipoalbuminemia (p<0,05). Mais de metade dos pacientes de ambos os grupos apresentava desnutrição pelas classificações baseadas em CB, PCT, AF e MCC. Houve associação entre hipoalbuminemia e desnutrição pela adequação da PCT e com percentual de adequação da ingestão de carboidratos. Risco aumentado/muito aumentado de complicações metabólicas pela CC foi encontrado em 50% do grupo caso e 36,8% do controle. Não foram encontradas diferenças entre os grupos quanto à SOD, NO, MDA, consumo de vitaminas C e E, zinco e selênio, ou ainda quanto à creatinina e ureia pré e pós-hemodiálise. Houve correlação positiva entre os níveis séricos de albumina e consumo de proteínas, AF, IMC e % G no grupo caso. CONCLUSÃO: A análise realizada evidenciou associação entre hipoalbuminemia e desnutrição relacionada com redução do tecido adiposo de reserva e com aporte de carboidratos inferior ao recomendado. Contudo, não foi encontrada relação entre hipoalbuminemia com os marcadores de atividade antioxidante ou peroxidação lipídica utilizados.