A doença renal crônica está associada a complicações como inflamação crônica e risco cardiovascular elevado, especialmente em pacientes em hemodiálise (HD). Um padrão alimentar não saudável desponta como papel crucial na modulação de fatores de risco a saúde cardiovascular e estado inflamatório. Objetivo: Avaliar a relação do Padrão Empírico de Inflamação da Dieta (EDIP-SP) com marcadores de inflamação e de risco cardiovascular em pacientes em HD. Metodologia: Estudo transversal, composto por pacientes em HD, de ambos os sexos e idade entre 18-59 anos. Foram coletados dados demográficos, socioeconômicos, histórico clínico, de atividade física. Foram aferidas peso, altura, circunferência da cintura, quadril e pescoço, dobras cutâneas tricipital, bicipital, suprailíaca, subescapular e avaliados dados de consumo alimentar (recordatório de 24h). Foi coletado sangue para a dosagem dos parâmetros de inflamação e de perfil lipídico. O risco cardiovascular foi determinado através do Escore de Risco Global, Índice de Castelli I e II, Índice de Adiposidade Visceral, Índice de Aterogenicidade do Plasma (IAP) e Índice de Produto de Acumulação de Lipídeos. O risco inflamatório foi avaliado por meio da Proteína C Reativa – ultrassensível, Relação Neutrófilo/Linfócito, Relação Plaquetas/Linfócitos, e Red Cell Distribution Width. Avaliou-se o padrão alimentar por meio do EDIP-SP. Para a análise estatística foi utilizado o programa SPSS®), v.22.0. Para avaliar a normalidade das variáveis aplicou-se o teste Kolmogorov-Smirnov, para comparação entre as variáveis recorreu-se aos testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, além de teste T independente, e teste de Mann Whitney em sendo as mesmas paramétricas ou não paramétricas. Foi adotado o nível de significância de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 6.656.384. Resultados: Participaram do estudo 95 pacientes, com prevalência do sexo masculino (64,2%), com média de idade de 42,13 anos. Cerca de 64,2% e 14,7% da amostra apresentavam diagnóstico de hipertensão e diabetes, respectivamente. Por meio do ERG, observou-se um risco cardiovascular intermediário, sobressaindo-se no grupo masculino. Os Índices de Castelli I e IAP também apresentaram valores mais elevados no grupo masculino. As variáveis de avaliação de risco inflamatório não apresentaram diferenças entre os sexos. A ingestão de calorias, de macronutrientes e micronutrientes estava abaixo do recomendado. Quanto ao padrão alimentar, o EDIP-SP foi classificado como dieta anti-inflamatória em ambos os sexos, o componente global EDIP-SP não apresentou correlações com as variáveis de risco cardiovascular, no entanto para os marcadores inflamatórios, observou-se relação com RDW em mulheres. Nas análises estratificadas dos componentes do EDIP-SP, destacaram-se correlações para Índices de Castelli I e II, IAP. Conclusão: Houve alterações em marcadores antropométricos, perfil lipídico e de índices de risco cardiovascular, caracterizando um maior risco cardiometabólico e aterogênico, principalmente no sexo masculino. Os marcadores PCR-u e RDW não diferiram entre grupos, mas sugeriram tendência de maior risco no sexo masculino. O estudo destaca a importância da avaliação do padrão alimentar para intervenções terapêuticas em pacientes em HD.