Esse texto tem por objetivo compreender a organização socio-política da Capoeira da Cidade de Teresina, em específico, do Grupo Muzenza de Capoeira (GMC) e da Associação Movimentação Capoeira (AMC). O estudo sobre a realidade desses dois Grupos me permite entender como a Capoeira de Teresina se organiza sócio politicamente em três dimensões: interna, intermediária e externa. A dimensão interna diz respeito à quais princípios ou fundamentos os Grupos operacionalizam para se organizarem. Um dos "fundamentos de organização" que se destaca nessa organização interna é o sistema de graduação. Esse sistema consiste em uma forma de ordenar hierarquicamente os capoeiristas e, tem como símbolo material, que marca os níveis de graduação, as cordas. Existe uma série de semelhanças e diferenças entre os sistemas de graduações dos Grupos da cidade, inclusive do GMC e da AMC, e isso é reflexo de suas organizações em linhagens, que seria a dimensão intermediária em que esses Grupos estão em relação. A forma com que as linhagens sãos constituídas em Teresina aponta para uma autonomia que cada Grupo tem em relação ao outro, o que proporciona diferentes escolhas e práticas de se fazer Capoeira, e ainda, diferentes formas de se relacionar, isso numa dimensão externa, com outros atores sociais de seus contextos. Nesse sentido, para analisar essa realidade da Capoeira de Teresina, me inspiro em uma perspectiva etnográfica, que me proporcione compreender os conceitos nativos (GOLDMAN, 2006) nos múltiplos locais em que esses Grupos estejam se relacionando, isto é, uma "etnografia multissituada" (MARCUS, 2001).