Esta dissertação é uma etnografia dos processos de “coletivização” (FILADELFO, 2014) dos ciganos na cidade de Coelho Neto-MA. Tem como principal objetivo compreender como esses sujeitos administram as similitudes e diferenças das ciganidades plurais resultantes das relações com a política partidária, conflitos e o parentesco. Esta pesquisa vale-se de um arcabouço teórico que compreende as relações sociais como formadoras de mundos (STRATHERN, 2017), levando em consideração que tais relações podem resultar em novos termos de ciganidade (antigos, desenvolvidos, segmentos ciganos, meio-cigano e cigano puro), parentesco( primos, parentes e próximos), política (tino, ajeitar pessoas e andanças) e formas de habitar o mundo vindas da própria “criatividade” (WAGNER,2017 ) de cada coletivo. Percebe-se que os ciganos “modulam” (PEREIRA, 2009) termos de parentesco assim como o nível de ciganidade, mostrando que “ser cigano” nunca é um fato dado, mas sim construído através de relações de parentesco e política. Com isso, entende-se que a ciganidade passa por um “devir- cigano” que está relacionado a como se constituem as relações de parentesco, sendo os casamentos uma instituição de alianças e possibilidade de associação da alteridade; os conflitos ou acerto de contas, entendidos aqui como “questão de ciganos”; e o envolvimento na política partidária como produção de áreas políticas (Bairro dos Quiabos, Bom Sucesso e Olho D’aguinha) que corroboram com as ciganidade diferentes refletidas no parentesco.