Compreendendo Teresina-PI no contexto do século XXI e como um recorte espacial de um país periférico observa-se, na sua configuração socioespacial, objetos urbanos, que apesar de desenvolverem funções iguais, expressam formas e características desiguais. Seria uma cidade una, segmentada de subsistemas. Um espaço dividido. Um dos objetos que faz parte dessa configuração espacial e que expressa contradições nas suas formas e relações socioespaciais e econômica diz respeito às necrópoles. Além disso, refletindo aspectos definidores da geografia urbana, (o que possibilita uma leitura peculiar da cidade por meio delas), as necrópoles são consideradas para a cultura ocidental, até o momento, um ambiente sagrado que abriga a memória de um povo. Um espaço dos vivos destinados aos mortos. A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo de urbanização na contemporaneidade sob o prisma das necrópoles em Teresina-PI, considerando, especialmente, a teoria dos “circuitos da economia urbana” de Santos (2008), e sem deixar de conceber as representações simbólicas, as relações sociais, bem como os fatores ambientais. Entretanto, entendendo que, atualmente, os fatores econômicos se sobressaem aos demais fatores de interferência espacial, é de fundamental importância, também, refletir acerca das relações que envolvem a morte e as atividades econômicas. Para isso busca-se caracterizar a produção do espaço urbano no século XXI; discutir a relação entre a sociedade e a morte, bem como suas manifestações culturais; elaborar uma linha do tempo do processo de espacialização das necrópoles em Teresina; e caracterizar a organização socioespacial da morte como espelho da configuração urbana do espaço dividido. Para a discussão desta problemática lançou-se mão de referências dos seguintes autores; Santos (2008), Lefevbre (2001), Diegues (2002), Gottdiener (1997), Foucault (2001) que tratam do espaço; Araújo (2015), Eliede (1992), Morin (1997), Morais (1998), Eliede (1992), que refletem acerca da morte e dos espaços sagrados, além de Thompson (2015), Zunkin (2000) e Silva (1998) que abordam a temática dos cemitérios e das cidades no século XXI. Destacam-se, ainda, os documentos normativos como a resolução do CONAMA nº368 de 2006 e o Plano de Desenvolvimento Urbano Sustentável Teresina – Agenda 2030 que ainda estão em fase de análise. Também haverá a coleta de imagens de satélites pelo Google Earth no que se refere ao espaço pesquisado, bem como o levantamento e elaboração de mapas utilizando o programa ArcGis 10.1, além de coleta de material fotográfico, visitas individuais e compartilhadas nos objetos pesquisados. Embora, colocando-se a teoria dos circuitos da economia de Milton Santos como metodologia central nesta discussão, admitindo-se, portanto, o método dialético desta teoria, não será escopo deste trabalho amarrar-se a um só método, haja vista que o objeto de estudo escolhido remete a métodos ou metodologias bem mais abrangentes. Deste modo, esta pesquisa lançará mão do pluralismo metodológico proposto por Feyerabend (1989) que consiste no livre exercício das ideias e técnicas. Assim, a partir do que foi apresentado, no que diz respeito ao objeto de pesquisa, metodologias, técnicas e procedimentos busca-se uma análise mais abrangente, no que se refere ao processo de urbanização da cidade de Teresina no século XXI, juntamente com a tentativa de compreender e refletir acerca do fenômeno da morte a partir de várias dimensões, sejam elas, econômica, social, política, ambiental, espacial e cultural, considerando, desta forma, o contexto atual em que o espaço urbano se encontra; dotado de novos significados e dimensões.