A temática da violência urbana com ênfase na ocorrência do crime de feminicídio, ao longo da história, tem desafiado os gestores, os profissionais, os pesquisadores e as instituições de modo geral, especialmente, quando articulada com a pesquisa geográfica, especialmente com a compreensão do complexo socioespacial que envolve a ocorrência das práticas criminosas, portanto, que não se limita ao aspecto jurídico-legislativo. A justificativa para o seu desenvolvimento desta pesquisa em função da ocorrência de o crime ocorrer principalmente na cidade e com a extrema violência empregada pelos agressores, bem como a existência de peculiaridades que envolvem o tipo penal, relacionadas com a estrutura social patriarcalista, que refletem a necessidade de um estudo integrado acerca da sua ocorrência, alcançando a abrangência socioespacial. Nesse sentido, foi necessário questionar: como a dimensão socioespacial interfere na ocorrência do feminicídio? Que circunstâncias cercam o feminicídio em Teresina? Quais são os apontamentos necessários para o enfrentamento do feminicídio na cidade. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar a ocorrência do crime de feminicídio na cidade de Teresina/PI, no período que compreende os anos de 2015 a 2020, tendo como marco inicial a promulgação e publicação da Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015, que trouxe o feminicídio ao ordenamento jurídico brasileiro, tornando-o uma circunstância qualificadora do crime de homicídio. Para a realização deste estudo o procedimento metodológico adotado foi à utilização de referenciais teóricos direcionados a temática, obtidos a partir de livros, revistas, artigos, teses, dissertações, dentre outras fontes, além de outros dados coletados sobre os feminicídios em Teresina/PI, junto ao Poder Público. A partir disso, foram constatados 37 (trinta e sete) ocorrências de feminicídio no período analisado, sendo que 45,9% dos crimes aconteceram na SAAD Sul da cidade, e que o bairro Angelim, foi o local de maior incidência, seguida pela SAAD Leste 21,6 %; SAAD Norte 18,91%; SAAD Sudeste 8,1%; e a SAAD Centro contabilizando 2,7% do total dos crimes. Sobre o perfil das vítimas de feminicídio, levando em consideração a maioria dos casos, observou-se que trata-se de mulher cisgênero, heterossexual, parda ou negra, entre 15 e 30 anos, solteira, que possui emprego, morta por arma branca, na sua residência, e, aos finais de semana, no primeiro do semestre do ano, pelo ex-namorado. Como conclusão, analisou-se que conhecer as potenciais vítimas bem como a espacialização do crime de feminicídio foi fundamental para que sejam sugeridas novas atitudes sociais bem como políticas públicas com ênfase em campanhas de educação relacionadas com discussões geográficas e jurídicas e que sejam direcionadas a população mais vulnerável e fortalecimento de políticas públicas e mudanças comportamentais e sociais essenciais que que a estatística do crime de feminicídio seja reduzida e que tenha-se uma sociedade livre de violência de gênero.