Este estudo objetivou identificar a diversidade de oomicetos, destacando as espécies patogênicas, além de analisar a qualidade e o uso da água do Complexo Açude Joana, Pedro II, Piauí e sua relação com a população utilitária. Para o estudo da diversidade de oomicetos utilizou-se a Técnica de Iscagem Múltipla, com identificação no Laboratório de Micologia/Fungos Zoospóricos da Universidade Federal do Piauí e posterior levantamento bibliográfico do potencial patogênico na literatura. Para a definição dos usos da água foram realizados levantamento bibliográfico de documentos oficiais e observação in loco. As análises físico-químicas e microbiológicas da água foram realizadas no Laboratório de Saneamento da UFPI. Aliado a essas análises, foram realizadas entrevistas com formulário semiestruturado com 27 informantes, aprovado pelo Cômite de Ética em Pesquisa da UFPI (CAAE: 55837616.5.0000.5214). Registrou-se 96 ocorrências de 24 táxons, com destaque para Dictyuchus sterile, Myzocytiopsis zoopthora e Plectospira gemmifera primeiras citações para o Brasil e Achlya americana e Brevilegnia subclavata como primeiras para o Piauí. Entre os táxons relatados, existem espécies com potencial patogênico para culturas agrícolas e peixes, que em condições de desequilíbrio ambiental e presença de espécies suscetíveis, podem interferir nos usos da água para irrigação e atividade de pesca. A qualidade da água conforme o IQA/CETESB está classificado de “Razoável” a “Ótimo”, contudo algumas variáveis apresentam valores superiores ao limite estabelecido pela Resolução CONAMA nº357/2005, especialmente o fósforo, um indicativo do lançamento de efluentes in natura nos corpos d’água. Esta realidade é constatada nas entrevistas realizadas, pois segundo os informantes, as águas estão “sujas” devido ao lançamento de efluentes e resíduos sólidos, que tem como destino final o açude Joana. Em relação aos micro-organismos, o tamanho reduzido não inviabiliza sua percepção. Os entrevistados não apresentam um conhecimento que os distinguem, mas sabem da existência de organismos “invisíveis” aos olhos, que podem ser benéficos para o ambiente, mas também podem provocar doenças. Este estudo revela que os recursos hídricos estão sendo utilizados de forma insustentável, gerando riscos para a saúde e para o desenvolvimento regional, compromentendo a biodiversidade, em especial dos micro-organismos, pois não compreendemos as relações estabelecidas entre estes e a água contaminada. É essencial a implantação de um sistema de esgotamento sanitário no município, bem como a sensibilização da população local para a conservação dos recursos naturais.
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