O contexto atual impõe que a preocupação ambiental seja assunto recorrente levando a questionamentos éticos e práticos sobre as responsabilidades de cada um em relação ao ambiente natural. Dentre estas responsabilidades, destaca-se a interferência causada pelas construções humanas no meio ambiente. A partir das décadas de 1960 e 1970, a preocupação com o meio ambiente aumentou e foi impulsionada pelas mudanças climáticas e pelos alertas feitos, a exemplo do Relatório Brundtland que abordou temas como sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, inevitavelmente, estimulando a elaboração de novos conceitos inter-relacionados como o de arquitetura sustentável e arquitetura vernácula, ligados à edificações de baixo impacto no meio ambiente e adaptadas ao clima e realidade locais, trazendo ainda uma representação cultural e de valor das tradições de um povo. Um dos materiais mais antigos do mundo e que está ligado a estes conceitos é a terra, que pode ser encontrada no patrimônio cultural de Piracuruca, Piauí, reconhecido como Conjunto Histórico e Paisagístico, pelo IPHAN, em 2012. O estudo questiona a possibilidade da arquitetura de terra de Piracuruca possuir características sustentáveis e aponta como hipótese a sustentabilidade do patrimônio em terra existente no município. Nesse viés, objetivou-se a análise das características da arquitetura de terra de Piracuruca relacionadas à sustentabilidade e, especificamente, o estabelecimento de panorama da arquitetura de terra do município; a identificação de características do patrimônio relacionadas ao paradigma da sustentabilidade, identificação de patologias presentes e análise das dificuldades inerentes à manutenção do patrimônio cultural local. A metodologia aplicada no estudo quantitativo-qualitativo envolve procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica, consulta a dados do IPHAN, visitas a campo, registros fotográficos e elaboração de gráficos de compilação dos dados atuais. Foi observada a predominância da técnica do adobe, dentre as edificações em terra existentes e a predominância do uso residencial, bem como uma redução do patrimônio em terra entre os anos de 1997 e 2016, além de inúmeras patologias nos imóveis estudados, as quais relacionam-se à perda do “saber-fazer” em terra, à falta de preservação, manutenção e a dificuldades de relacionamento entre proprietários e órgãos de preservação. Tal situação deflagra fragilidades da face sustentável de preservação do patrimônio em terra de Piracuruca.