O crescimento populacional, associado ao intenso processo de urbanização, alterou de forma significativa a morfologia das cidades, tornando-as palco de graves problemas sociais, dentre eles o alto déficit por moradia. Diante deste quadro, foram elaboradas sucessivas políticas habitacionais que, apesar de contribuírem para a redução quantitativa do déficit por moradia, através de programas sociais como PAC e PMCMV, ainda se mostram incapazes de promover o acesso à adequado à habitação e à própria cidade. Diante do exposto, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os efeitos gerados pela implantação de conjuntos habitacionais de interesse social, com enfoque no Residencial Jacinta Andrade, na cidade de Teresina. Buscou-se, inicialmente, reconhecer a relação entre as políticas habitacionais de interesse social e a produção do espaço urbano da capital, a partir de pesquisas bibliográfica e documental, utilizando-se também de imagens dos satélites Landsat 5 (1984-1993), Landsat 5 TM (1984-2002), Landsat 7 ETM+ (1999-2013) e Landsat 8 OLI (2013-2017), referentes ao período de 1984 a 2017. Em um segundo momento, buscou-se diagnosticar as necessidades e percepções dos moradores do Residencial Jacinta Andrade sobre as condições de moradia, infraestrutura e serviços urbanos locais, a partir da aplicação do formulário com 103 residentes. Constatou-se que, não obstante pequenas variações (em especial nas décadas de 1980 e 1990), grande parte dos conjuntos habitacionais construídos na cidade de Teresina foram locados na periferia urbana, onde o custo do solo é economicamente menor. As consequências são visualizadas no agravamento da segmentação e da desarticulação do espaço urbano, bem como na geração de gastos excessivos para o poder público, que precisa arcar com os altos custos da expansão da infraestrutura para atender à nova demanda. No caso do Residencial Jacinta Andrade, diagnosticou-se que, quanto ao aspecto “Moradia”, a avaliação dos residentes é positiva, ainda que tal resultado aparente estar relacionado à condição da propriedade como imóvel próprio, e não necessariamente quanto à sua capacidade de garantir conforto e qualidade de vida. Quanto à “Infraestrutura e Serviços urbanos” houve variações: questões como abastecimento de energia elétrica e serviços de coleta de lixo surpreenderam ao satisfazer a mais de 85% dos moradores, enquanto a segurança e disponibilidade de áreas de lazer foram avaliados negativamente por mais de 83% dos residentes. Assim, a análise do custo/benefício do empreendimento em solucionar, ou ao menos minimizar o déficit habitacional de Teresina, conforme apresentou-se na sua proposta de construção, envolve não apenas aspectos quantitativos relacionados à construção de grande quantidade de unidades de domicílio, mas também na capacidade do poder público de ofertar condições de moradia adequada e acesso às beneficies ofertadas pelas cidades.