A eutrofização é um fenômeno associado ao enriquecimento de nutrientes em ambientes aquáticos decorrente, em grande parte, da ação antrópica. Esse processo causa vários efeitos sobre a biodiversidade aquática, estendendo-se até as populações humanas. Considerando-se este fenômeno como uma interface entre o Homem e o meio ambiente, esta pesquisa objetivou: descrever os padrões de diversidade beta para assembleias de cladóceros, copépodes, rotíferos e oomicetos nos rios Parnaíba e Poti; testar as diferenças entre esses padrões; testar as relações da diversidade beta com as variáveis ambientais e o potencial bioindicador das espécies e verificar a percepção ambiental da poluição nos rios Parnaíba e Poti noticiada na mídia eletrônica. Para o estudo da diversidade beta foi empregada a abordagem SDR-Simplex, utilizando-se os índices de dissimilaridade de Jaccard e Sørensen (presença/ausência) para oomicetos e Ruzicka (abundância) para o zooplâncton. Em relação às assembleias de oomicetos, a diversidade beta espacial e temporal apresentou altas taxas, obtendo maior contribuição da substituição de espécies. Apenas o padrão de diferença de riqueza diferiu entre os rios. A dbRDA mostrou relação significativa entre os componentes da diversidade beta e as variáveis ambientais. Para as assembleias de cladóceros, copépodes e rotíferos, houve alta diversidade beta, dominada pela diferença de abundância. Os padrões de substituição e diferença de abundância diferiram entre os rios e foi observada correlação significativa das variáveis ambientais com a diversidade beta e a diferença de abundância. O IndVal identificou 23 espécies como indicadoras, destacando-se as espécies Brachionus caudatus, Filinia terminalis e B. angularis. Para o estudo da percepção ambiental foi utilizada a técnica Análise de Conteúdo. Foram considerados quatro segmentos sociais: jornalistas, autoridades, especialistas e populares. Das notícias, 73% se referiram ao rio Poti, onde a eutrofização é acentuada. O segmento jornalístico teve maior participação (90%); o de populares, a menor (23%). A análise gerou três categorias – “percepção da eutrofização”, “impactos da eutrofização” e “saneamento”. As palavras-chave mais frequentes foram “aguapé” (31,8%), “poluição” (17%) e “esgoto” (14,3%). Dos impactos, a proliferação de aguapés e o surgimento de doenças se destacaram. Das soluções, foi destacada a ampliação da rede de esgotos, em todos os segmentos considerados. A pesquisa revela que as condições ambientais em que se encontram os rios influenciam a distribuição e diversidade beta dos grupos de organismos estudados. As espécies indicadoras refletem os impactos da ação antrópica sobre estes ambientes. As formas de percepção da eutrofização nos rios restringem-se aos impactos visíveis, como a presença dos aguapés, cuja retirada é a principal solução apontada pelos grupos para o problema. Assim, tanto a diversidade beta como a percepção social são ferramentas importantes no estudo de ambientes impactados pela ação antrópica, fornecendo um entendimento ampliado do problema.